Opção para fugir do trânsito nas metrópoles, as motocicletas avançaram também nas cidades menores e já ultrapassam o número de carros na maior parte dos municípios de 17 Estados do País – todos os das Regiões Norte e Nordeste, além do Mato Grosso, no Centro-Oeste.

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Estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo e com divulgação prevista para estas segunda-feira, 2, mostra que a frota de motocicletas no País é de 26,4 milhões de unidades, o que representa uma para cada 7,86 habitantes. Em relação ao ano passado, houve um aumento de 3,44%. No total, há mais motos do que carros circulando nas ruas em 46% dos municípios. No Nordeste, o número alcançou a marca de 7,49 milhões, ante 6,67 milhões de carros nas ruas. Já no Norte há 2,49 milhões de motos ante 1,67 milhão de automóveis.

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Para o presidente da CNM, Glademir Aroldi, ex-prefeito de Saldanha Marinho (RS), o crescimento na aquisição de motos está relacionado à facilidade no crédito, ao baixo preço das prestações e aos incentivos e isenções do governo federal ao mercado, além da deficiência dos serviços de transporte público.

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Ele destaca, por outro lado, fatores de preocupação. “Isso cria algumas situações, como um maior número de acidentes no trânsito. Afeta o SUS (Sistema Único de Saúde), aumenta as aposentadorias por invalidez e retira do mercado de trabalho jovens no auge de sua força de trabalho”, diz Aroldi .

O professor Rafael Almeida Cavalcante, que mora em Pereiro, no interior do Ceará, é adepto do transporte em duas rodas e justifica a escolha pela facilidade de se locomover e pelo baixo gasto com combustível. “É muito mais viável aqui ter moto em vez de carro”, afirma. Pereiro é a cidade com a maior proporção de motos em relação à população (54%).

O estudo da CNM também aponta que, em cidades do Norte e do Nordeste, as motocicletas estão substituindo transportes movidos por animais, como cavalo, jumento e burro. Na casa de Cavalcante, toda a família tem motos, o que inclui a mulher, o pai e a irmã. “É muito mais rápido, até porque as estradas aqui são muito ruins”, diz ele, que comprou sua primeira motocicleta há dez anos.

Embora nunca tenha se acidentado, Cavalcante cita que a cidade tem altos índices de ocorrências envolvendo motociclistas. “A minha maior preocupação é a falta de responsabilidade de alguns, que não são habilitados e não usam capacete.”

Capital

A falta de segurança também é apontada como desvantagem pelo advogado Marino Sugijama de Beija, que mantém em sua garagem, na zona sul de São Paulo, uma moto e um carro. No dia a dia, utiliza a moto para atividades rotineiras, como trabalho e estudo, e o carro apenas para viagens e passeios nos fins de semana. “Se o carro me dá conforto, a moto me dá agilidade e me faz ganhar horas preciosas que eu perderia parado no trânsito.”

Segundo o presidente da CNM, o estudo tem como objetivo aprimorar políticas públicas. “São dados que precisamos avaliar para um melhor planejamento. Os gestores públicos municipais precisam dar mais atenção à mobilidade urbana.”

Automóveis

Com base no Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), a CNM também aponta um total de 53,4 milhões de carros no País em abril de 2018, configurando um aumento de 3,3% em relação a abril de 2017. No Brasil, há um carro para cada 3,89 habitantes. Mais da metade dessa frota está concentrada no Sudeste, que tem 29,3 milhões de veículos – só São Paulo tem 5,6 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.