Depois de um processo que já dura dois anos, pecuaristas e frigoríficos devem chegar a um acordo sobre a acusação de formação de cartel que corre no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Com a lei que autoriza o Cade a fazer acordos entre as partes, alguns frigoríficos já procuraram a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para saber se existe o interesse do setor produtivo em interromper o processo.
Segundo o presidente do Fórum Permanente de Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira, desde que ocorreu a mudança das regras na semana passada, alguns frigoríficos já procuraram a entidade para saber se existe ou não o interesse do setor produtivo em fazer o chamado ajuste de conduta. "Esse interesse existe, mas ele vai se concretizar se houver um acordo entre todos os frigoríficos do Brasil e não apenas com aqueles envolvidos no processo", disse Nogueira.
Os produtores entraram com processo no Cade em 2005, acusando um grupo de 11 frigoríficos de adotarem uma tabela única de preços para aquisição de boi, o que caracterizaria uma formação de cartel. Desde então, o processo corre no órgão federal, sem uma solução definitiva.
Além de um consenso entre as empresas frigoríficas, já está em elaboração na CNA junto às federações estaduais de agricultura um estudo sobre outros temas que comporiam uma lista de reivindicações que também seriam colocadas à mesa para negociar junto aos frigoríficos. Entre os pleitos estaria o fim da tabela de preços, principal pilar do processo, padronização e unificação nacional do sistema de comercialização de animais.
Segundo Nogueira, o levantamento será apresentado até o final deste mês, para que as negociações com os frigoríficos possam ter início o mais rápido possível. "Nesse documento estarão todos os nossos pedidos. Nossa contrapartida seria a retirada do processo que corre no Cade", disse Nogueira.