Fraude do Opportunity “mela” venda da Sanepar

Brasília

– O Grupo Opportunity corre o risco de perder sua participação acionária na Brasil Telecom, Telemig Celular, Tele Norte Celular e no Metrô do Rio de Janeiro. Uma ação impetrada pelo procurador Luiz Francisco de Souza pede a anulação da participação do banco na privatização destas empresas porque a compra de ações das ex-estatais foi feita com recursos do Opportunity Fund, um fundo de investimento com sede nas Ilhas Cayman e composto por brasileiros, mas registrado ilegalmente na Comissão de Valores Mobiliários como sendo de estrangeiros para obter isenções fiscais.

O procurador também aponta outra ilegalidade: o Opportunity se associou ao Citibank para criar em Cayman o fundo CVC/Cayman, este registrado legalmente na CVM como exclusivamente composto de estrangeiros, mas que terminou com o controle acionário das estatais, o que é proibido por lei. Esta ilegalidade, de acordo com a ação do procurador, também contamina a privatização da Sanepar, Porto de Santos e até da Vale do Rio Doce, empresas onde o Oportunity Fund comprou ações no processo de privatização.

Para comprar as ações das empresas privatizadas, o Opportunity Fund utilizou um mecanismo conhecido como Anexo IV de uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN). Esta resolução foi criada em março de 1987 para atrair capitais internacionais para a economia brasileira e isentava do imposto de 20% os investidores estrangeiros interessados no mercado de ações do Brasil.

Os fundos de investimentos estrangeiros com a participação de brasileiros não poderiam utilizar este benefício fiscal. A mesma resolução do CMN também impedia, na época, que os investidores estrangeiros obtivessem o controle acionário de qualquer empresa de capital aberto no Brasil, o que ocorreu quando o Citibank, por meio da empresa Timepart Participações, entrou com 62% das ações da Solpart, consórcio formado com a Telecom Italia e a Techold na compra da Brasil Telecom.

Segundo o procurador, o empresário Daniel Dantas, controlador do Grupo Opportunity, criou um emaranhado de empresas para internar capitais do fundo de investimento com isenção fiscal e, ao mesmo tempo, deter o controle acionário das estatais privatizadas em sociedade com o Citibank. No consórcio Solpart, os investidores italianos ficaram com 19%. A Techold, formada pelos fundos de pensão brasileiros e pela Opportunity Zain, de Daniel Dantas, foi composta com recursos do Opportunity Fund de Cayman.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo