Referência nacional em reforma e modernização de viaturas blindadas de transporte de militares, popularmente conhecidas como tanques de guerra, o Parque Regional de Manutenção da 5ª Região Militar, no bairro Bacacheri, em Curitiba, é um espaço perfeito para deixar a imaginação voar. No entanto, a extensa área militar é um campo de trabalho pesado e muito importante para a proteção do Brasil.
Somente na área externa, estão os 30 blindados que chegaram dos Estados Unidos dia 16 de setembro por intermédio de uma parceria entre os governos americano e brasileiro que exigiu uma verdadeira operação de guerra para serem transportados do Porto de Paranaguá a Curitiba. Os blindados estão em boas condições, mesmo com alguns dele podendo ter sido usados em confrontos no Afeganistão e Iraque – a suspeita é pela cor de alguns deles, bege, ideal como camuflagem no deserto.
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As máquinas já passaram por avaliações e devem ficar prontas para ação até o fim de 2021. O Comandante do Parque Regional, o coronel Marcelo Sérgio Cabral, acompanhou todo o protocolo desde a escolha dos blindados, passando pela inspeção que definiu o que vai ser preciso para adaptá-los às necessidades do Exército Brasileiro. “Na inspeção, a gente identifica o sistema ou qualquer tipo de equipamento que apresente defeito ou precisa ser trocado. A gente faz a manutenção para colocá-lo ativo para rodar”, explica o coronel.
O modelo que agora faz parte da frota brasileira é o M577 A2, que tem como grande benefício a versatilidade. Ele pode ser adaptado para várias funções, que vão desde a uma central de comunicação até ambulância. O blindado tem 2,70 ms de altura e aproximadamente 4,9 ms de comprimento, permitindo acomodar cinco militares na parte interna, incluindo o pequeno espaço para o motorista.
A estrutura do blindado é em duralumínio, com peso de 12 toneladas. O tanque de combustíveis tem capacidade de 454 litros, garantindo uma autonomia de 480 quilômetros. A velocidade máxima chega a atingir 60 km/h em todos os tipos de terreno. O acesso para tripulação entrar e sair do veículo é feito por meio de uma rampa traseira.
Essa não é a primeira vez que o Parque de Manutenção de Curitiba recebe blindados vindos dos Estados Unidos. Em 2018, outros 96 tanques chegaram à unidade. Desses, 34 blindados modelo M109 A5 já foram adaptados e distribuídos pelos quartéis. “Foi o primeiro lote e eles já estão em outros lugares”, diz o coronel Marcelo Sérgio.
Manutenção e treinamento
Apesar do tamanho assustador, a manutenção destes veículos é semelhante à feita em carros. Se não der atenção no nível do óleo ou ao fluído de freio, o problema vai ser igual. Só que numa guerra, não dá pra dar essa brecha ao inimigo – e vamos combinar que empurrar um tanque de guerra, ainda mais no meio do conflito, é meio que impossível.
“Usamos os mesmos conceitos para um carro. Existe a manutenção preventiva com o nível do óleo do motor, fluído de freio e até se tem graxa nos pontos que precisam. Temos condição de desmontar toda a viatura e remontá-la. Estas viaturas que chegaram agora não vão precisar. Cada uma tem sua particularidade, desde o motor até o sistema elétrico, chegando na lagarta [esteiras que se acoplam nas rodas e permitem o blindado se mover]”, afirma o coronel Marcelo Sérgio.
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Quando ficarem prontos, os blindados serão deslocados por um caminhão prancha para a cidade de Três Barras, em Santa Catarina. No município é sede do campo de instrução Marechal Hermes, o maior espaço de manobras de blindados da região Sul. O treinamento é diferente para cada função dentro de um blindado e dura geralmente três meses.
No caso do motorista, que fica em um ambiente apertado e com pouca movimentação, a atenção precisa ser total na direção. “O trabalho do motorista é diferente do chefe do carro, como também do restante da tropa. Nossos militares têm amplas condições de combater com este equipamento. É pesado e não é para qualquer pessoa, mas é muito gratificante”, aponta o coronel.
Não é sucata!
Os EUA renovam seus equipamentos militares e oferecem os antigos a governos estrangeiros. Questionado se as viaturas eram velhas e descartáveis, o coronel Marcelo Sérgio reforça que os blindados não são sucata e serão muito úteis.
“Eles estão em boas condições, pois estavam no deserto dos Estados Unidos e longe de umidade. A maioria dos componentes está funcionando e vai ser um trabalho relativamente fácil de fazer. Temos que pensar nisto de maneira ampla, pois estes blindados são utilizados por diversos países e estão longe de ser uma sucata. É uma senhora ferramenta de combate”, ressalta o comandante.
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Ao receber os blindados, o Exército Brasileiro não recebeu nenhuma comprovação de que eles já foram utilizados em guerras, mas há sim a possibilidade de que esses blindados tem participado de confrontos no Afeganistão e Iraque. A possibilidade é pela cor bege de algumas viaturas, camuflagem utilizada para áreas de deserto, como no Oriente Médio.
Com a adaptação dos blindados às necessidades da força militar brasileira, a pintura será alterada para manter o padrão dos blindados do Exército. A definição do local para onde cada um dos 30 blindados será destinado não depende do comando da 5ª Região Militar. A decisão compete aos superiores, mas a expectativa é de que boa parte permaneça no Sul do Brasil.