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Foliões tomam a Praça XV, no centro do Rio, com o Cordão do Boitatá

No segundo dia de carnaval carioca, os foliões tomaram a Praça XV, no centro histórico do Rio de Janeiro, para brincar ao som das tradicionais marchinhas do Cordão do Boitatá. O bloco comemora 21 anos em 2017 homenageando grandes nomes da música brasileira – os 90 anos de idade que Tom Jobim teria completado ontem, 25, além dos compositores Ismael Silva e Moacir Santos.

Nos últimos meses, a praça tem sido palco de manifestações dos servidores públicos contra os ajustes fiscais que estão sendo votados na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, ao lado de onde foi montado o palco do bloco. Mas, neste domingo, o espaço está tomado desde cedo pelos foliões, que capricharam na criatividade, uma marca do Boitatá. A estimativa é que 60 mil pessoas prestigiem o bloco.

A festa começou às 10h e vai durar até 17h. Antes das 9h, os foliões já chegavam para garantir um lugar próximo ao palco. Há muitas crianças e famílias inteiras reunidas. O Boitatá fica parado e, como é um dos primeiros a se apresentar nas ruas cariocas nesse segundo dia de carnaval no Rio, o clima é mais tranquilo.

Como acontece todo ano, as fantasias são um destaque a parte da festa. Dessa vez, a crítica política marcou presença. Tiveram fantasias de coxinha, de ‘Fora Temer’ e até mesmo de ‘Muro de Dória’. Mas, ao menos entre as crianças, um Papai Noel foi o grande sucesso. Ao longo do dia, elas se aproximavam do “bom velhinho” de Maurício Osório, um advogado de 29 anos, na verdade.

“Há seis anos venho pro Boitatá de Papai Noel e a reação das crianças é sempre a mesma. Elas não entendem o que Papai Noel está fazendo no carnaval”, brinca Osório, que garante que a blusa de manga e farta barba branca não atrapalham a brincadeira, ainda que a temperatura do verão carioca seja alta. Os cantores e compositores Jards Macalé e João Donato são os convidados especiais no palco, hoje. “Eu estou na Praça XV. Então, vou cantar o Mambo da Cantareira (estação das barcas Rio-Niterói)”, antecipou o cantor ao Estado. De peruca e óculos escuro, ele disse que se fantasiou de “Jards Macalé misterioso”. “É o Jards que você não sabe ser ou não é”, brincou. O Boitatá trouxe ainda ao palco, entre outros cantores, o rapper Flávio Renegado.

“Sempre vem uma galera muito grande formar com a gente. Neste ano estamos fazendo uma homenagem ao Tom (Jobim), com Mário Adnet (compositor), trazendo o Jobim Sinfônico (projeto musical). Vamos fazer uma homenagem ao maestro Moacir Santos. Estamos também trazendo os arranjos do Ouro Negro (projeto musical em homenagem a Moacir Santos). Boitatá é esse caldeirão multicultural. A gente vem com samba, com a marchinha, e de repente joga uma informação que em princípio não teria nada a ver com o carnaval. Estamos com o Renegado (rapper) sacudindo a praça”, afirmou Kiko Horta, um dos fundadores do bloco.

Em 1997, quando formado, o Cordão do Boitatá era só um bloquinho de músicos e estudantes que se concentrava na Lapa, na região central da cidade, bairro mais boêmio do Rio. Passadas duas décadas, entrou definitivamente na agenda dos foliões, mas não recebe qualquer patrocínio para se financiar. Para se mantê-lo de pé com estrutura de grande porte, seus organizadores decidiram promover uma ‘vaquinha’ virtual. A ideia é arrecadar R$ 30 mil, mas, até o início da tarde, as doações somavam R$ 8,3 mil.

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