Chirac pede silêncio da platéia enquanto Lula fala. |
O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Horst Koehler, elogiou ontem a agenda social do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a disposição de sua equipe econômica de manter a disciplina fiscal. “O governo já anunciou que vai aumentar a meta do superávit primário acima (dos atuais) 3,75% (do PIB). Acho que é um passo muito bom, demonstra que querem cumprir a disciplina fiscal”, disse Koehler a jornalistas após encontro com Lula na residência do embaixador brasileiro em Paris.
Paris – “O presidente Lula tem uma agenda pró-crescimento com igualdade social. Vai ser bem-sucedida. É a agenda correta e eu espero que possamos apoiá-la”, acrescentou o dirigente máximo do FMI. Este foi o segundo encontro de Lula e Koehler. Em dezembro, o diretor-gerente já se mostrava otimista após se reunir em São Paulo com o então presidente eleito. Nesta terça-feira, Koehler reconheceu o trabalho que vem sendo feito pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci, mas lembrou que, “infelizmente, o ambiente global tem colocado novos desafios que tornam a tarefa nada fácil”.
Entre os elogios feitos agora, o diretor-gerente apontou o adiamento da compra de caças da FAB pelo governo. “Estou muito entusiasmado porque essa decisão de adiar a compra de aviões de guerra para ter mais espaço para gastos sociais demonstra que é uma abordagem de politica para usar de maneira eficiente os recursos”, disse.
No seu encontro com o presidente Jacques Chirac, Lula usou um tom um pouco acima do normal para criticar o protecionismo praticado pelos países desenvolvidos e principalmente as medidas já tomadas pelo Congresso dos Estados Unidos, que aumentam as barreiras a produtos estrangeiros. Depois de almoçar com o presidente francês, Lula disse que essas medidas prejudicam as discussões para implantar a Área de Livre Comércio (Alca) em 2005.
Ao defender uma relação igualitária entre os países na área econômica, Lula disse que o Brasil não aceitará tratamentos diferenciados nas discussões comerciais e que os países ricos têm que dar chances de desenvolvimento aos mais pobres. “E da mesma forma é a briga que temos com relação à implantação da Alca no nosso continente. Achamos que não é possível aceitar as medidas protecionistas já aprovadas pelo Congresso americano para você começar a discutir a implantação da Alca. Se quisermos fazer o jogo do livre comércio, que o livre comércio seja para todos e não apenas para alguns. Não aceitaremos, em hipótese alguma, essa política de dois pesos e duas medidas. É preciso que os países em desenvolvimento tenham a oportunidade de crescer. E isso obviamente vai depender de muitas atitudes dos blocos ricos, sobretudo Europa, Japão e EUA”, disse Lula, enfático. Ao lado de Chirac, Lula disse acreditar que a Europa está aberta para avançar nas negociações com o Mercosul.
Pesquisa CNT: 78% aprovam Lula
Brasília – Uma pesquisa encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e divulgada ontem apontou que 78 por cento dos 2.000 entrevistados, em 24 estados brasileiros, têm uma boa expectativa em relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o presidente da CNT, Clésio Andrade, o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nunca teve uma avaliação tão alta. A pesquisa, realizada pelo Instituto Sensus mostrou, ainda, que mais de 70 por cento dos brasileiros acreditam que a vida vai melhorar nos próximos 18 meses, o que, na interpretação de Andrade, revela que o índice de satisfação da população cresceu.
Além disso, o prazo para as mudanças mostra que os brasileiros entendem as dificuldades que o governo vai enfrentar, segundo Andrade. Em relação à avaliação do primeiro mês do novo governo, Lula obteve 56,6 por cento de avaliação positiva da população (12,6 por cento de avaliação ótima e 44 por cento boa), segundo a pesquisa. A avaliação negativa foi de apenas 2,3 por cento dos entrevistados, sendo que 1,1 considerou as medidas tomadas até agora ruins e 1,2 por cento, péssimas.