Depois de quase duas semanas de recolhimento, o padre Júlio Lancellotti, de 64 anos, vigário do Povo da Rua, reafirmou ontem ter sido vítima de extorsão de um grupo comandado pelo ex-interno da Febem Anderson Batista. Ele disse que isso fica claro nas gravações que entregou à polícia de telefonemas trocados com Batista e seus cúmplices. O padre negou ter tido um relacionamento amoroso com o ex-interno e afirmou que não desviou dinheiro de entidades assistenciais para dar dinheiro ao grupo.
A defesa de Batista diz que nunca houve extorsão e o ex-interno recebeu R$ 600 mil. Os advogados de Lancellotti estimam em R$ 140 mil o valor dos repasses e a polícia, em R$ 400 mil. "Se eu tivesse (um relacionamento), por que eu gravaria? Ele poderia em qualquer momento da gravação dizer ‘aí, e o nosso caso? Você agora esqueceu?”, disse o padre.
Lancellotti ressaltou que foi ele quem procurou a polícia para pedir que fossem feitas gravações das conversas que mantinha com Batista. Lembrou que o grupo que o extorquia não sabia que era gravado. "Eles não sabiam (da gravação). Podiam dizer coisas que me comprometessem. E se eu desligasse o gravador naquela hora, os peritos, que periciaram as fitas, descobririam que eu tinha interrompido a gravação. São gravações longas, de mais de 1 hora e meia, de vários momentos, que foram entregues imediatamente à polícia."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
