Filho de Pelé preso por tráfico em Santos

Edinho (dir) ao lado de seu pai, Pelé
e Robinho: dor de cabeça para o rei.

São Paulo – O filho do Pelé e ex-goleiro do Santos, Edson Cholbi do Nascimento (Edinho), foi preso em Santos, na manhã de ontem, junto com outras 50 pessoas. Todos são acusados de envolvimento com tráfico de drogas e com uma organização criminosa do Rio de Janeiro. Foram aprendidos ainda 11 carros e armas. As investigações do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) estavam sendo feitas há oito meses.

Edinho está preso na sede do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), desde as 11h de ontem. O diretor do Denarc, delegado Ivaney Caires, informou que Edinho foi detido juntamente com outras 50 pessoas em uma operação batizada de Indra (que faz referência a um herói da mitologia grega que caça dragões). Edinho chegou à sede do Denarc algemado. Edinho não é réu-primário. Em 1999, ele foi condenado a seis anos de prisão em regime semi-aberto, por homicídio culposo, depois de atropelar e matar o aposentado Pedro Pereira Simões Neto, de 52 anos, em 1992, quando participava de um racha em Santos. Segundo um dos advogados da família de Pelé, Eduardo Elias, Edinho conversou com seu pai, que estaria triste e preocupado.

Foram presos também três policiais militares que tentaram impedir a prisão do filho de Pelé, além de vários empresários do setor de importação e venda de veículos. Há suspeita de que eles usavam concessionário de carros para a lavagem de dinheiro. Entre os detidos está Ronaldo Duarte de Freitas, o Naldinho – amigo de Robinho. Naldinho é considerado o líder de uma quadrilha de tráfico na Baixada Santista.

Foram cumpridos, segundo o Denarc, 22 mandados de busca e apreensão na capital, litoral e em áreas rurais da Serra do Mar. Foram aprendidos ainda 11 carros e armas. As investigações começaram a oito meses, para descobrir as ligações de duas facções criminosas de São Paulo e do Rio de Janeiro que atuam na Baixada Santista. O delegado Caires disse que essa operação deve ser estendida a outros estados e possivelmente vai envolver ?gente de peso?.

A breve carreira de Edinho

Nascido em 1970, Édson Cholbi do Nascimento, o Edinho, começou no futebol nas categorias de base do Santos. Por ironia do destino, decidiu ser goleiro, tentando evitar o gol, o grande momento do esporte que consagrou seu pai, Pelé. Após breves passagens pela Portuguesa Santista e pelo São Caetano, Edinho retornou ao Santos, onde jogou de 1994 a 98. Nesse período, foi titular na campanha do vice-campeonato brasileiro de 1995, quando o Peixe perdeu para o Botafogo na final. No final da temporada de 1996, Edinho rompeu os ligamentos do joelho e ficou um ano afastado dos gramados. Sua carreira não foi mais a mesma e, após uma passagem pela Ponte Preta, Edinho abandonou o futebol em 1999.

Do seqüestro ao tráfico de drogas

São Paulo – Policiais civis de Santos e do Denarc investigam a participação da quadrilha de traficantes presa ontem com o seqüestro da mãe do jogador Robinho, dos Santos. Além do filho de Pelé, Edinho, foi preso também Naldinho, amigo de Robinho.

A mãe de Robinho, Marina Lima de Souza, 43 anos, foi libertada em Perus, zona norte da capital, depois de passar 41 dias em cativeiro em 17 de dezembro do ano passado. Ela foi levada em Santos, quando fazia um churrasco com amigos e parentes. No cativeiro, os bandidos chegaram a cortar o cabelo dela. Segundo a polícia, no seqüestro de Marina tudo foi ?terceirizado?. Os mandantes contrataram ?mão-de-obra? de, pelo menos, oito pessoas para realizar o seqüestro, a começar pelos dois homens que invadiram a casa em que Marina estava com dois amigos preparando um churrasco.

Cada um teria recebido cerca de R$ 500 pelo serviço. Os dois entregaram Marina para outras três pessoas, que foram contratadas para mantê-la no cativeiro: dois homens e uma mulher.

Marina contou aos policiais da Delegacia Anti-Seqüestro (Deas) que passou por dois cativeiros e que o momento mais difícil dos 41 dias foi quando eles cortaram os cabelos dela, a fotografaram e a filmaram para mandar as imagens para o filho Robinho, que exigia prova de vida da mãe.

Marina Souza disse que no segundo cativeiro ficou algemada no pé de uma cama por várias horas. Ela confirmou para a polícia que quando foi seqüestrada, os bandidos a levaram no porta-malas do carro e quando foi liberada, no banco de trás do veículo. E que um dos seqüestradores ao libertá-la, no bairro de Perus, zona norte da capital paulista, no dia 17 de dezembro, falou: ?Vai nessa, você está livre, se manda?. A polícia já havia anunciado a prisão de quatro pessoas acusadas de envolvimento no seqüestro de Marina.

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