Filho de pai pedreiro e mãe empregada doméstica, Rafael José da Silva, de 19 anos, percebeu ainda na adolescência que somente por seu esforço poderia realizar seus sonhos. Foi estudando por conta própria que foi aprovado aos 17 anos na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), uma das mais conceituadas do País. Recentemente, foi selecionado em um concorrido intercâmbio na Harvard Medical School, em Boston, nos Estados Unidos. Para pagar as despesas, o jovem iniciou uma vaquinha online para tentar arrecadar R$ 50 mil.

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O valor é destinado a custear a alimentação e a hospedagem nos Estados Unidos durante um ano. Para isso, criou uma campanha no site de arrecadação virtual Catarse. Em 11 dias, na página Ajude Rafael a estudar em Harvard, do Catarse, ele já conseguiu quase R$ 32,7 mil. As doações serão encerradas no último dia do ano.

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Silva estudou a vida inteira em escola pública na cidade de Blumenau, em Santa Catarina. A família sempre morou no mesmo bairro, onde ele fez o ensino fundamental e médio na Escola Estadual Santos Dumont e colecionou notas altas.

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“Sou muito grato aos meus pais. Eles não têm ensino superior, mas sempre me apoiaram a estudar. Chegavam em casa cansados e faziam os deveres de casa comigo”, relembra Silva. “Sempre foram presentes e me ajudaram a ser disciplinado.”

No início da adolescência, sua avó Olindina, a quem era muito apegado, foi diagnosticada com câncer. O sofrido processo familiar despertou no estudante a vontade de ser médico. Olindina morreu em 2013, mesmo ano em que o neto criou um método de estudo, já que pagar um cursinho era inviável.

“Organizei um cronograma de contraturno escolar e comecei a estudar todo conteúdo que conseguia gratuitamente na internet relacionado aos vestibulares”, afirma Silva. “Também comecei a interagir virtualmente com alunos que estavam cursando Medicina, para entender o funcionamento dos métodos de ensino.”

A confirmação da seleção em Harvard chegou no dia 27 de setembro.

Além do estudo acadêmico, Silva participa de atividades extracurriculares. Entre elas, é tutor no MedEnsina, um cursinho pré-vestibular voluntário organizado por alunos da FMUSP para ajudar jovens sem condições de bancar aulas privadas.”Tenho como propósito ajudar estudantes em situações parecidas com a minha”, diz o universitário.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.