O fiel escudeiro do Papa Bento XVI não abandonará seu mestre. O arcebispo alemão Georg Gänswein continuará sendo secretário pessoal do pontífice e também se mudará para Castel Gandolfo após a renúncia do papa, em 28 de fevereiro. Num segundo momento, ambos passarão a morar no mosteiro Mater Ecclesiae, dentro do Vaticano, que atualmente passa por reformas e adaptações para receber os novos habitantes. A imprensa italiana destacou que, em meio a crises e traições, o alemão foi um dos principais aliados de Bento XVI.
Há poucos meses nomeado pelo Papa também prefeito da Casa Pontifícia, ou seja, responsável pela organização dos eventos e audiências papais, Gänswein faz parte de um estreito grupo de pessoas que lida com o pontífice no cotidiano – nas refeições e nos aposentos, por exemplo. Além dele, também outros funcionários que serviram Bento XVI nos últimos oito anos, a chamada “família pontifícia” ou “memores”, devem acompanhá-los na mudança.
De acordo com o porta-voz do Vaticano, Pe. Federico Lombardi, o arcebispo Gänswein manterá ambas as funções mesmo após a eleição de um novo Papa. Questionado pela imprensa sobre a possibilidade de Gänswein ser um meio de influência de Bento XVI no governo do sucessor, Lombardi negou. “Como prefeito da Casa Pontifícia ele tem uma função de governança”, declarou. “Tem uma série de competências práticas, sobre logística e organização de audiências. Não é um problema.”
Gänswein, de 56 anos, trabalha com Joseph Ratzinger desde quando o atual papa ainda era cardeal, na Congregação para a Doutrina da Fé, órgão que fiscaliza desvios teológicos e nos fundamentos da Igreja. Chamado frequentemente pela imprensa italiana de “Gorgeous George” (algo como “Belíssimo George”, em inglês), ele foi uma das pessoas que mais se abalaram com o recente escândalo de vazamento de documentos sigilosos, conhecido como “VatiLeaks”. Cartas e objetos pessoais do papa foram furtados pelo mordomo Paolo Gabriele na residência de Bento XVI, administrada justamente pelo arcebispo alemão.