O presidente de Cuba, Fidel Castro, afastado do cargo por motivos de saúde, revelou que declinou um convite do presidente Lula para realizar uma nova visita ao Brasil. Fidel informou sua decisão na quarta e última parte de uma longa crônica sobre suas conversas com o presidente brasileiro em Havana.
"Lembrei a ele que tratava de me recuperar de dois acidentes: o de Villa Clara e a doença que me acometeu depois de minha última viagem à Argentina. Quase ao final, me disse: ‘Está convidado a ir ao Brasil este ano’. ‘Obrigada’, lhe respondi, ‘ao menos com o pensamento estarei lá’", escreveu em uma nova reflexão publicada hoje pela imprensa local.
Fidel e Lula concordaram, em suas conversas na capital cubana, no início de janeiro, sobre temas como as boas relações com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, as conseqüências da mudança climática, os programas de ajude aos países pobres e o desenvolvimento de projetos sociais no Brasil.
"Quando falei com ele sobre a Venezuela, me disse: ‘nós pensamos em colaborar com o presidente Chávez’. Concordei com ele. ‘Irei duas vezes por ano a Caracas e ele viajará duas vezes ao Brasil para não permitir divergências entre nós e, se elas aparecerem, que possamos resolvê-las na mesma hora’", disse.
"A Venezuela não precisa de dinheiro – disse, retomando o diálogo – porque tem muitos recursos, mas precisa de tempo e infra-estrutura".
O presidente cubano admitiu, por outro lado, que "falamos de outros problemas importantes, alguns sobre os quais tínhamos acordo e outros nos quais discordávamos, com o maior tato possível".
Um desses temas – mencionado indiretamente por Fidel em seu texto – é a produção brasileira de biocombustíveis, prática defendida por Lula e enfaticamente criticada pelo presidente cubano.
"O emprego de biocombustíveis produzidos com grãos como milho e soja aumenta os preços desses alimentos e pode provocar uma escassez de comida desastrosa para os pobres do mundo", disse Fidel a Luta, citando um especialista internacional.
Fidel disse ainda a Lula que, entre os "fatores que complicam a situação do planeta", um deles é a "idéia macabra de transformar os alimetnos em combustíveis para o ócio e o luxo".
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