FHC teme abandono de programas

Brasília

– O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem esperar que o governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, tenha a “sensatez de levar adiante” o conjunto de programas sociais lançado nos últimos anos. Ao participar da entrega da Ordem Nacional do Mérito Educativo, no Palácio do Planalto, ele citou avanços no setor e destacou que o governo consolida um cadastro único de famílias carentes no País.

“Se o próximo governo tiver a sensatez de levar adiante como eu espero que tenha, esses programas, será possível unificar esses programas todos e ver-se-á, portanto, que a eficiência pode ser aumentada, evitando-se redundância ou, quem sabe, ampliando-se o apoio àqueles que mais precisam”, discursou. O cadastro único listará as famílias beneficiadas pelo governo federal em diferentes iniciativas, como os bolsas-escola e alimentação.

Fernando Henrique antecipou-se a eventuais críticas da equipe de transição do PT, enfatizando avanços sociais alcançados nos oito anos de governo. Entre eles, o fato de 97% das crianças de 7 a 14 anos estarem matriculadas na escola. “Quem está na escola não está excluído”, disse. Mas admitiu que, quando o assunto é educação, nunca falta o que fazer. “Sei e o ministro Paulo Renato (Souza, da Educação) já mencionou que sempre há muitas deficiências quando se olha um programa da magnitude como é cuidar do ensino e da educação de um povo”, discursou.

“Certamente, haverá sempre muitas falhas a serem apontadas.” O ministro disse que os avanços no ensino não ficaram restritos ao aumento de matrículas. Segundo ele, os indicadores de qualidade mostram não ter havido retrocesso, apesar de o sistema de avaliação concebido em sua gestão revelar deficiências e atraso em todos os níveis de ensino, com piora de um ano para o outro em alguns casos.

Foram premiadas 75 personalidades ligadas ao ensino, incluindo grande parte da equipe do Ministério da Educação e do Conselho Nacional de Educação. Fernando Henrique criticou os sistemas burocráticos de progressão profissional no ensino universitário. “Ciência e saber não se coadunam com métodos burocráticos de ascensão de carreira”, disse. “Uma carreira universitária que se preze não preza burocracia.” Numa defesa dos esforços do governo na área social, o presidente lembrou que no dia 9 receberá prêmio da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, pelos avanços sociais obtidos no País, principalmente na educação e na saúde. “Muito mais do que a mim (o prêmio) é dado a todos aqueles que trabalharam na área social do Brasil”, disse.

Fernando Henrique comentou ainda que em estudo recente do Banco Mundial em países como China, México e Brasil, coube ao Brasil o destaque de avanços sociais em menor tempo. “Já temos muita coisa feita, espero que isso não seja jogado fora”, concluiu Paulo Renato.

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