FHC: “Tem muito pobre no Brasil”

Brasília

– O presidente Fernando Henrique Cardoso fez, ontem, um balanço dos programas sociais de seu governo, lembrando que investiu R$ 30 bilhões anuais nos 12 programas, mas admitiu: “Ainda há muito pobre” no Brasil. “Tem muito pobre”, frisou. “Não tem outra conclusão, tem muito pobre”. Fernando Henrique citou o montante investido para contestar a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na véspera e que apontou a existência de 54 milhões de pobres no Brasil, os quais vivem com menos de um salário mínimo por mês.

Para FHC, em seus oito anos de mandato, a vida desses brasileiros pobres melhorou, uma vez que as ações do governo beneficiaram 37 milhões de pessoas consideradas “muito pobres”. “A moral da história é que é preciso avançar mais, mas que está dando certo, está”, disse o presidente. “A própria ONU está dizendo que está dando certo. O Plano Real reduziu a pobreza e manteve essa redução. Não foi um truque”. FHC aproveitou para pedir mais uma vez ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que dê continuidade aos seus programas sociais, agindo com sensatez.

“O Brasil, se seguir um caminho de sensatez, atuando de maneira realista e rigorosa nos programas sociais, desde que não se invente a roda ou não se faça andar para trás, poderemos, em 10 a 20 anos, nos equiparar aos países desenvolvidos”, estimou. De acordo com o presidente, também houve melhoria na distribuição de renda no país, embora o sistema capitalista seja concentrador de renda. FHC citou ainda a queda de 38 por cento no trabalho infantil durante seu governo, além da queda acentuada dos índices de mortalidade infantil e crescimento da cobertura escolar. Entre os programas sociais do governo estão incluídos a Bolsa-Renda, Renda Mínima Vitalícia, benefícios de prestação continuada, aposentadorias e pensões rurais e seguro desemprego.

Segundo FHC, essas ações respondem às criticas sobre a não distribuição de renda no país. “A distribuição de renda está havendo sim, os números mostram, e o imposto de renda agora é transferido diretamente aos mais pobres”, disse. Duas pesquisas realizadas pelo IBGE e divulgadas ontem revelam que o Governo Federal apresentou melhoria em seu desempenho fiscal e primário, chegando a atingir, em 1999, um superávit. O IBGE mostrou dados de 1991 a 1999, em um trabalho que reúne análises da receita tributária e das decisões de gastos públicos das três esferas de governo e de todas unidades da federação.

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