Brasília
– O encontro do presidente Fernando Henrique Cardoso, ontem, com os quatro presidenciáveis serviu para confirmar apoio ao acordo com o FMI. Esta foi a impressão que o governo teve do encontro. O presidente Fernando Henrique disse que nenhum dos quatro principais candidatos à Presidência da República deixou dúvidas de que vai honrar o compromisso firmado com o FMI. Após os encontros, o presidente disse que o clima foi de tranqüilidade e de maturidade.O presidente Fernando Henrique Cardoso considerou natural que os candidatos de oposição mantivessem suas críticas à política econômica e afirmou que eles não precisam dar apoio explicito ao acordo, mas apenas deixar claro se vão honrar os compromissos. “Quem tem que dar apoio explícito (ao acordo) sou eu. Sou eu quem vai assinar. O que eles têm que dizer é: feito um contrato, vão honrar? Todos disseram que vão”, disse o presidente.
Ao ser questionado sobre se espera uma reação positiva do mercado após essa série de encontros com os candidatos, Fernando Henrique alegou que o “mercado financeiro não é uma pessoa” e, portanto, não poderia traçar expectativas. O presidente enfatizou que o Brasil esta mostrando que tem “comando, coragem e recursos” que poderão ser investidos no próximo governo.
Para Fernando Henrique, e legítimo que os candidatos proponham mudanças e façam críticas. “Qualquer mandato novo é um mandato novo”, disse ele, acrescentando que se fosse eleito também iria fazer mudanças, pois as circunstâncias mudam em cada mandato. Fernando Henrique afirmou que o acordo com o FMI tem como objetivo garantir uma transição de governo tranqüila, “venha a ganhar quem vier”. Fernando Henrique classificou qualquer manifestação mais polêmica – como a de Anthony Garotinho (PSB) que, em nota, rejeitou o acordo com o FMI – como fruto do processo eleitoral.
Segundo o presidente, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reiterou compromissos que já tinha feito publicamente em carta com a manutenção do superávit de 3,75% e com a manutenção de contratos. A posição de Ciro Gomes (PPS), disse Fernando Henrique, foi semelhante. Fernando Henrique afastou os rumores de que houve algum constrangimento ou momento de rispidez no encontro com Ciro. “Foram palavras de respeito e, da mesma forma, eu o tratei com toda consideração”, disse.
José Serra (PSDB), segundo Fernando Henrique, já tem sido “bastante explícito” sobre o que pensa do acordo com o FMI. Já Anthony Garotinho, disse o presidente, não fez qualquer observação sobre o acordo durante o encontro, que contou também com a presença do ministro da Fazenda, Pedro Malan, do secretário-geral da Presidência, Euclides Scalco, e do presidente do Banco Central, Armínio Fraga.
Lula e Serra pedem mudanças econômicas
Brasília
(Das agências) ?O líder na corrida eleitoral, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse ao deixar o encontro com o presidente FHC que honrará os atuais contratos do Brasil, mas também apresentou sugestões para serem adotadas imediatamente, visando a tirar o País da crise. Lula leu a carta que entregou a FHC, na qual ressaltou a urgência de uma solução para a crise.“Não podemos esperar até o primeiro dia de janeiro, quando o novo presidente tomará posse”, alertou Lula. “Estamos conscientes da gravidade da situação e queremos dialogar com todos os seguimentos da sociedade brasileira”. Lula insistiu especialmente no crescimento das exportações e no incentivo às pequenas e médias empresas. “Se vencermos as eleições, começaremos a mudar a política econômica desde o primeiro dia de janeiro”, acrescentou. “
O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, que aparece em terceiro lugar nas pesquisas, fez discurso otimista e falou como se estivesse eleito. “A hora é realmente de todos pensarem no Brasil, acima de tudo na segurança econômica, e crescimento futuro do emprego. Estou decidido a dar todos os elementos que garantam a segurança da economia, para que possamos expandir aceleradamente crescimento do emprego. Nossa meta é de oito milhões de novas vagas de trabalho ao longo de quatro anos.”
Ciro promete adotar austeridade fiscal
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(Das agências) ?O primeiro encontro da agenda de ontem com os postulantes à sua sucessão, foi marcado por um constrangimento: o candidato do Partido Popular Socialista (PPS), Ciro Gomes, negou-se a estender a mão a FHC diante de insistentes pedidos dos fotógrafos credenciados no Palácio do Planalto, a sede do governo brasileiro.Fernando Henrique e Ciro limitaram-se a sorrir, iniciando a conversa, acompanhada por assessores do candidato – Mauro Benevides Filho e Roberto Mangabeira Unger, coordenadores do programa de governo do candidato -e pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan. O encontro durou cerca de uma hora. Após o encontro, Ciro Gomes trocou a entrevista coletiva por um rápido pronunciamento: disse que se comprometeu a manter a austeridade fiscal no limite da Lei de Diretrizes Orçamentárias, a qual fixou o superávit primário para 2003 em 3,75 por cento do Produto Interno Bruto – uma exigência do Fundo Monetário Internacional – e respeitar contratos e manter a estabilidade da moeda.
O presidenciável afirmou ter dito a FHC que a crise vivida pelo Brasil é também de responsabilidade do modelo econômico do governo, embora admitindo que o mercado internacional tem sua parcela de culpa. Ciro prometeu dar continuidade aos compromissos assumidos pelo atual governo, inclusive com o FMI.
