Bávaro

– O presidente Fernando Henrique Cardoso reuniu-se a sós, ontem, com seu colega argentino Eduardo Duhalde, no segundo dia da Cúpula Ibero-Americana e prometeu-lhe fazer pressão para que organismos internacionais de crédito socorram o país. Fernando Henrique disse a Duhalde que os argentinos não vão conseguir superar as dificuldades se não for realizado “um gesto heróico” pelo país. “Eles (os argentinos) estão insistindo que o problema deles não é de moratória, é de falta de recursos para pagar porque ficariam com um nível baixo de reservas”, observou FHC.

“Uma coisa é a decisão política de não pagar, outra coisa é dizer que não há dinheiro e pedir ajuda”, avaliou o presidente, em referência ao fato de a Argentina ter optado, na última quinta-feira, a pagar apenas os juros, e não uma dívida total, com o Banco Mundial, alegando que suas reservas ficariam abaixo do exigido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Fernando Henrique prometeu a Duhalde fazer um apelo, de improviso, em seu discurso no encerramento da cúpula, realizada na República Dominicana, conclamando a Comunidade Ibero-Americana a cobrar uma ajuda mais “enérgica” para o governo argentino.

“Se eles não tiverem esse apoio, não têm como sair da situação em que estão”, disse o presidente. “É uma espécie de círculo vicioso: o apoio não é dado porque há o problema de não serem adimplentes e eles não podem ser adimplentes enquanto não houver uma confiança maior demonstrada”. O presidente garantiu que o Brasil fará sua parte nas conversas com o FMI para ajudar a Argentina e lembrou que o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique Iglesias, também está preocupado. Fernando Henrique também cobrou maior participação dos Estados Unidos para ajudar a Argentina a superar a crise que se arrasta há quatro anos. “Nós não podemos deixar que um país da importância da Argentina e com potencial de crescimento efetivo que tem fique simplesmente à margem do sistema financeiro internacional”, alertou.

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