FHC nega ter sido um neoliberal

Brasília

– Em sua última reunião ministerial, realizada ontem, o presidente Fernando Henrique Cardoso negou que seu mandato tenha sido marcado por uma tendência neoliberal. O presidente disse que as transformações no Estado tiveram como meta torná-lo apto a conviver com o mercado contemporâneo, com novas dimensões como o meio ambiente, os direitos humanos e as reivindicações da sociedade civil organizada. FHC disse que a marca mais forte de seu governo foi a plena consolidação da democracia, o fortalecimento das instituições e a estabilidade econômica.

O presidente destacou ainda que seu maior legado foi o direito à cidadania com liberdade. “O cidadão hoje cobra e exige seus direitos”, disse. Em seu discurso, ele disse que a liberdade mudou a mentalidade do governo. “O governo aprendeu a ter que se explicar.” Fernando Henrique comentou a ameaça de apagão em 2001. “Foi o primeiro apagão que não existiu.” O presidente disse ainda que em seis anos, de 1995 a 2001, o Brasil gerou o equivalente a duas e meia Itaipus, a maior usina hidrelétrica do mundo, graças a investimentos públicos e privados.

Durante a reunião FHC falou diretamente para seu sucessor, o presidente eleito Luiz Inacio Lula da Silva. “Assim como coube a mim a responsabilidade de enfrentrar a inflação, caberá ao novo governo levar adiante a responsabilidade de criar uma política de segurança.” O presidente Fernando Henrique Cardoso abriu a última reunião ministerial de seu governo fazendo elogios aos seus auxiliares, pela qualidade administrativa que imprimiram, cada um em sua área, e não esqueceu de fazer uma ressalva à excelência do quadro de servidores públicos.

A reunião aconteceu a portas fechadas, no Salão Oval do Palácio do Planalto. Jornalistas e funcionários do Palácio acompanharam a exposição do presidente por um telão colocado no salão ao lado. Estiveram presentes todos os ministros de estado e líderes do governo no Congresso Nacional, exceto o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, que está no exterior.

O líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), considerou o discurso feito pelo presidente Fernando Henrique Cardoso na reunião ministerial de ontem “um pronunciamento memorável, que dá dignidade ao exercício da presidência”. Madeira disse que a figura de Fernando Henrique foi fundamental para que o País chegasse a este momento político, que resultou na transição entre um governo de situação e um de oposição, o que, segundo ele, “é um exemplo para a prática democrática”. Madeira disse que a reunião ministerial teve “a solenidade que tem de ter uma última reunião de ministério”. O líder do governo na Câmara relatou que o almoço teve também um clima de confraternização.

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