Brasília – O presidente nacional do PT, José Genoino, acusou ontem, em nota, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de estar "tomado pelo despeito e pela inveja das realizações do governo Lula" e afirmou que o único objetivo dele seria antecipar a disputa eleitoral de 2006 para este ano, "atitude que, além de atrapalhar o País, visa a dificultar a governabilidade".
FHC declarou, no fim de semana, que "o governo atual mais parece um peru bêbado em dia de Carnaval" (aludindo ao peru de Natal). José Genoino afirmou que a postura de FHC não apenas é de "inadequação ou arrogância" para um ex-presidente, mas também "um ato grosseiro de provocação explícita" em relação à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Parece que o seu objetivo consiste em insuflar, artificialmente, uma suposta crise institucional, já que havia declarado, anteriormente, que o País se encaminhava para um ambiente com estas características. Se esta é a sua intenção, trata-se de uma irresponsabilidade política", disse.
As críticas de FHC foram feitas durante um encontro do PSDB, em São Paulo. "Nós estamos aqui para gritar, para pedir rumo e para dizer: Se vocês [do PT] não são capazes de dá-lo, nós sabemos", disse o ex-presidente. Antes, FHC havia criticado o encontro da executiva petista. "Eles não estão discutindo proposta como nós, estão lá para brigar e abafar, abafar o que a rua já sabe". O ex-presidente puxou aplausos ao dizer que o Fome Zero virou "eficiência zero". Disse que o PSDB "nunca foi um partido pretensioso". "Às vezes nós podemos errar, mas temos de ouvir, antes de cacarejar. Essa gente cacareja sem parar e eu não estou vendo nenhum ovo", atacou.
As palavras do ex-presidente pegaram em cheio a cúpula do PT. José Genoino disse que a afirmação de FHC, de que a "sertanização por que passa Brasília pode atingir a democracia", só pode ser entendida como "a manifestação de um elitismo arrogante contra o povo pobre e humilde deste País, cujos sacrifícios servem, inclusive, para financiar aposentadorias polpudas de certos intelectuais que destilam preconceitos contra o povo mal-instruído, mantido no analfabetismo ou no semi-analfabetismo e na exclusão social por governos que se esmeraram em perpetuar as condições de atraso e de pobreza do Brasil e de milhões de brasileiros".
O presidente do PT contesta a afirmação de que o "País está sem rumo". Segundo ele, a afirmação "não resiste aos menores termos comparativos dos resultados do presidente Lula em relação aos obtidos pelo governo do senhor FHC. Basta dizer que sob o governo Lula estão sendo criados milhões de empregos, reduzindo um dos maiores índices de desemprego, ocorridos no governo FHC; o Brasil vem quebrando recordes nas exportações, contrastando com os sucessivos déficits comerciais da gestão anterior; até 2006, serão incluídas 11 milhões de famílias no programa Bolsa Família, inclusive, muitas delas de sertanejos, tão desprezados pelo ex-presidente; o Brasil recuperou o crescimento econômico, contra um crescimento pífio em oito anos de gestão tucana; o governo vem reduzindo a dívida pública – desastrosa hipoteca do futuro de várias gerações igualmente deixada como herança de oito anos de gestão ruinosa, que vendeu os ativos do Estado brasileiro a valores deprimidos".