Rio
(AE) – O candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ontem, num seminário na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que o candidato José Serra (PSDB) e o presidente Fernando Henrique Cardoso agem “com mais irresponsabilidade do que o cargo de presidente permite”, ao tentarem comparar o Brasil, no caso de vitória da oposição, com a Argentina. Lula referia-se aos discursos feitos por Serra e Fernando Henrique na convenção nacional do partido, no sábado, em Brasília. Uma das estratégias dos tucanos tem sido associar a incerteza de um possível governo da esquerda ao caos econômico, político e social do país vizinho. Até a música da campanha do candidato do PSDB a presidente faz referência à Argentina.Os tucanos também ligam a eleição às turbulências no mercado, com alta do dólar e do risco – Brasil, o que Lula chamou de “terrorismo” estimulado pelo governo. “Não é o momento de defender terrorismo e coisas negativas para um mercado frágil”, afirmou ele. Para Lula, como é difícil para Serra apresentar propostas diferentes, “é mais fácil criar incerteza na sociedade sobre a eleição de 2002”.
Citando artigos do ex-ministro da Fazenda na gestão de FHC Rubens Ricupero sobre a fragilidade do Brasil no trato comercial com outros países, o candidato do PT a presidente cobrou uma política externa mais agressiva. Também defendeu a geração de emprego como forma de combate à violência, evitando que o tráfico assuma o papel do Estado. “Ou geramos emprego ou o crime organizado e o narcotráfico oferecerão o que o Estado não tem para oferecer”, disse Lula, que revelou estar andando em carro blindado durante a campanha. A decisão, disse, foi tomada depois do assassinato dos ex-prefeitos de Santo André, no Grande ABC (SP), Celso Daniel, e de Campinas, no interior de São Paulo, Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT.
Questionado sobre se identificava, além do discurso, alguma ação concreta do Executivo que denotasse irresponsabilidade, Lula respondeu que não vê atos, mas “um discurso orquestrado do governo”. “Eu, ao invés de ficar bravo tenho chamado a atenção que não se brinca com coisa séria.” O candidato do PT citou o início de 1999, depois da posse do presidente, quando houve grande fuga de capital especulativo. “Isso mostra que esse não é um problema eleitoral, mas que a economia está fragilizada”, disse.