São Paulo – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, em São Paulo, que não pretende entrar na disputa à sucessão presidencial de 2006. "Eu estou fora, já fui", afirmou. Para Fernando Henrique, o PSDB é o único partido que dispõe de "tantas" personalidades qualificadas para essa disputa, citando os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, e de Minas Gerais, Aécio Neves, o senador Tasso Jereissati (CE) e até o prefeito eleito da capital paulista, José Serra.
"O Serra é um bom nome, mas não creio que ele se disponha, porque tem um compromisso com a cidade." O ex-presidente rebateu as críticas de que não esteve presente na campanha dele. "Se eu tivesse aparecido, diriam que eu era candidato; se não apareço, estou escondido. Não foi nada disso; sempre declarei meu apoio ao Serra, mas não houve necessidade; se tivesse, teria aparecido", afirmou.
Para FHC, o PT tentou, em certo momento, federalizar a campanha municipal. "Acho até que o PT levou o presidente Lula a se expor, desnecessariamente; ele levou uma multa (por ter pedido votos à prefeita Marta Suplicy, durante a inauguração das obras da Avenida Radial Leste, na zona leste da cidade)." O ex-presidente voltou a dizer que, no atual cenário, "ninguém é imbatível". FHC destacou: "É uma evidência; ele (Lula) foi batido por mim duas vezes, ganhei dele duas vezes. Eu também não perdi para o Jânio (ex-prefeito Jânio Quadros)?" Para o ex-presidente, é impossível prever o que acontecerá em 2006. "Só tem de antemão isso; nenhum partido pode dizer que vai ganhar, não só o PT, mas também o meu (PSDB)."
Na opinião de FHC, a vitória do prefeito eleito de São Paulo fortalece a legenda. "Sem dúvida, foi a vitória mais impactante (para os tucanos)", disse. Esse triunfo, acredita, também equilibrou o conjunto de forças no País. Apesar de considerar um equívoco antecipar o processo sucessório de 2006, ele concorda que, no momento, o País tem duas grandes forças políticas, o PSDB e o PT. Mas não descartou o aparecimento de outras.
Quem também criticou o governo Lula, foi o presidente nacional da OAB, Roberto Busato. "Eu considero sofrível (o desempenho do governo)", disse. "Esse governo ainda não conseguiu traduzir em realidade qualquer um dos anseios da população", completou. Mas o presidente nacional do PT, José Genoino, rebateu as críticas, principalmente as de FHC. Ele achou "soberba" e "arrogância" as declarações do ex-presidente. "É a soberba de quem faz oposição sem se olhar no espelho", rebateu Genoino, em nota.