São Paulo – Deixando de lado o tom ressentido em relação ao governo Lula, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi aplaudido de pé por 5 mil pessoas e afirmou em discurso que o País ?vai chegar lá?. Segundo ele, o País está mais confiante, ?diferentemente de décadas atrás?, e avançou muito em várias áreas, como a de tecnologia.
?O que digo não brota de intuições, mas de sinais sensíveis, como a democracia, por exemplo?, disse ele, que foi ovacionado pela platéia por duas vezes, numa feira de informática em São Paulo. Em quase uma hora de palestra, Fernando Henrique disse que estava ali para levar uma ?palavra de confiança?. Num discurso em que fez uma avaliação positiva do Brasil nas últimas décadas, o ex-presidente cobrou apenas a aprovação da reforma tributária, ao dizer que a economia não está num momento ?cor-de-rosa? por causa das altas taxas de juros. FHC também comentou a frustrante reforma ministerial do governo Lula e afirmou que se a motivação do presidente ao fazer a minirreforma ministerial foi recobrar o controle da situação, ele tinha de fazer isso mesmo. ?Não sei qual foi a motivação. Pode ser que ele tenha achado taticamente que era importante recobrar o controle da situação. Se foi isso, ele tinha de fazer isso mesmo?, reiterou.
Na rápida entrevista que concedeu, Fernando Henrique Cardoso criticou o lançamento da candidatura à reeleição do presidente Lula feito pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu. ?Não é momento de antecipar o processo sucessório. E vi o Zé Dirceu falar que a oposição é que estava fazendo isso. Não, quem fez isso foi ele.? O ex-presidente disse que o seu partido não lançará candidato antes do processo sucessório. E descartou qualquer possibilidade de se lançar candidato. ?Eu sempre me excluo.?
Ao ser indagado sobre a possibilidade de disputar o governo de São Paulo, ele disse que apesar de o governo do estado ser um lugar muito prestigioso, essa não é sua intenção. ?As mesmas razões que me levam a não ser candidato à Presidência da República valem também para São Paulo.? FHC utilizou o futebol como exemplo ao falar que não pretende ser candidato nas eleições do ano que vem: ?É como um jogador de futebol, é melhor sair quando está bem?. E completou: ?A gente deve ter noção de seu momento na história e é muito ruim quando não é o seu momento e você insiste?.
Na avaliação de FHC, Lula vai ter que devotar um momento de seu tempo para reconstruir um caminho de base e de sustentação mais sólida. Apesar disso, disse que, como ex-presidente, é muito difícil fazer esse tipo de observação. E frisou: ?Eu sei como é difícil de lidar com certos interesses que existem no Congresso?, e reconheceu que todos os governos têm seus momentos de dificuldades. FHC comentou também o resultado da mais recente pesquisa CNI/Ibope, que apontou o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), como o mais bem colocado entre os tucanos. ?Eu vi com satisfação que Serra tem uma posição boa?, mas lembrou que o prefeito ?tem colocado com muita clareza que pretende ficar os 4 anos na Prefeitura?.