As discussões em torno da representatividade de grupos historicamente negligenciados na sociedade têm ganhado cada vez mais força. No próximo sábado, 11, das 13h às 20h, São Paulo recebe a segunda edição do Festival Pretas Potências para discutir passado, presente e futuro da população negra.

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O evento será realizado no Red Bull Station, no centro da cidade, e reunirá jovens negros de 18 anos, em média, sensíveis às questões raciais, para participar de diversas ações culturais e sociais. “O objetivo é refletir sobre a história do povo negro para pensarmos em como estamos atualmente. Hoje, há pessoas que se declaram negras, diferente do passado, em que o tom de pele era visto com reprovação”, afirma a organizadora do evento, Adriana Barbosa.

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Diante dessa diferença entre épocas, Adriana destaca que estarão presentes as pessoas mais velhas que foram importantes na trajetória desses jovens, a fim de refletir a importância de se passar para as próximas gerações o legado de quem os criou. “Será como uma cerimônia de entrega do bastão. Queremos colocar faixas etárias diferentes para conversar”, conta.

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Esse diálogo defendido por Adriana traz consigo fenômenos sociais que impactaram diretamente a comunidade afrodescendente do Brasil nos últimos anos. Segundo uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o número de pessoas negras microempreendedoras cresceu 27% entre 2002 e 2012. Ou seja, quando os jovens convidados pelo festival eram bebês, a geração adulta de negros estava se empoderando economicamente – o que impacta diretamente na criação dos filhos e nas relações familiares.

Apesar de os dados do Sebrae terem uma interpretação positiva, eles carregam a desigualdade racial nas vagas de emprego, o que também influencia na discussão entre as gerações, segundo Adriana. Os dados de novembro de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reforçam a visão da organizadora: do total de 12,5 milhões de pessoas que procuram emprego no País e não encontraram, 64% são pretos ou pardos. Ao mesmo tempo, esse grupo representa 55% da força de trabalho total e tem uma renda média de R$ 1.588 contra R$ 2.814 dos brancos, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad).

“O Brasil tem resquícios da escravidão ainda, porque a abolição não veio acompanhada de melhoria nas condições de moradia, saúde e educação. Isso se perpetuou no racismo estrutural, e, hoje, há menos pessoas negras no mercado formal”, critica Adriana. “[Por isso] precisamos discutir o futuro [entre os participantes do Festival Pretas Potências] dentro de uma perspectiva estratégica. Alguns dos jovens convidados já têm filhos… eles precisam pensar como construir a identidade dessas crianças”, completa.

O evento contará com expositores independentes que dialogam com as linguagens de artes gráficas, moda e literatura. Além disso, o músico Rincon Sapiência – dono do sucesso Ponta de Lança – participará do bate-papo “Culturas urbanas: passado, presente e futuro”, com a poeta Kimani e o artista Toddy, do coletivo de arte urbana OPNI.

Serviço

Festival Pretas Potências

Data e horário: 11 de maio, das 13h às 20h

Local: Red Bull Station – Praça da Bandeira, 137, São Paulo

A programação é gratuita e livre para todos os públicos

*Estagiário sob a supervisão de Charlise Morais