Ferroviários decidem em assembleia se farão greve amanhã

Após uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da Segunda Região na tarde desta quarta-feira, 14, os sindicatos dos funcionários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) decidiram suspender a greve anunciada para a quinta-feira, 15. A questão, no entanto, ainda será submetida a assembleias em cada uma das quatro entidades sindicais da categoria ainda nesta quarta-feira. Portanto, a decisão final sobre a paralisação só será tomada nessas reuniões.

“A assembleia é soberana para decidir”, disse Edson Gutierrez, presidente do sindicato dos trabalhadores da Central do Brasil. Diariamente, 2,8 milhões de passageiros usam os trens suburbanos em 22 cidades da Grande São Paulo.

A desembargadora do TRT Ivani Contini Bramante propôs aos sindicatos e à CPTM a continuação das negociações em uma nova audiência judicial na próxima segunda-feira, 19. É essa a proposta a ser debatida nas assembleias, marcadas para as 18h. Os advogados da CPTM tentaram impetrar uma liminar contra a possibilidade de greve, alternativa logo rechaçada pela juíza, que argumentou que os ferroviários ainda não estão paralisados.

Cada sindicato tem autonomia para escolher se adere ou não à greve, o que pode fazer com que só partes do sistema ferroviário, que conta com seis linhas, fiquem paralisadas. A expectativa é de que as decisões sejam anunciadas por volta das 20h.

Reivindicações

Os ferroviários da CPTM são representados por sindicatos de acordo com a linha em que trabalham. Os das Linhas 7-Rubi e 10-Turquesa integram o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de São Paulo. Os das Linhas 11-Coral e 12-Safira, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil. Já os das Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda compõem o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana. Também participa do movimento o sindicato dos engenheiros da empresa, que é controlada pelo governo do Estado.

As entidades representativas negociam reajuste salarial acima da inflação e mais aumento real de 8,03% (a CPTM ofereceu 7%, o que só seria suficiente para cobrir a inflação do período), além de correção no auxílio materno infantil e ganhos nos vales refeição e alimentação. Neste último caso, os ferroviários, que ganham R$ 100 mensais, solicitam equiparação com os R$ 247,96 por mês que recebem os metroviários. Tanto a CPTM quanto o Metrô estão submetidos à Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos.

Os trabalhadores também pedem participação maior no plano de resultados da companhia.

Na mesa de negociação desta quarta, a CPTM ofereceu vale refeição de R$ 25 em 24 cotas mensais, ante as atuais 22. Já o vale alimentação subiria para R$ 160, ainda bem abaixo da dos metroviários.

Um dos pontos mais sensíveis, porém, é o que diz respeito ao plano de participação nos resultados. A CPTM quer vinculá-lo à conquista de metas que, segundo os trabalhadores, não dependem só deles para serem atingidas, como a inauguração de novas estações de trem.

Nos bastidores, sindicalistas afirmam que se a CPTM não oferecer melhores propostas ou se a empresa entrar com uma liminar depois de as partes fecharem um acordo, como no ano passado, a categoria estudará paralisar linhas estratégicas para a Copa do Mundo, como a 11-Coral, por onde circulará o chamado Expresso Copa, entre as Estações Luz, no centro, e Corinthians-Itaquera, ao lado do estádio da abertura do torneio de futebol, em 12 de junho.

Durante a última paralisação dos funcionários da CPTM, em 13 de junho do ano passado, três linhas não funcionaram: a 9-Esmeralda, a 11-Coral e a 12-Safira. Segundo a CPTM, cerca de 1 milhão de passageiros foram afetados naquele dia.

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