O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), intimidou senadores, ameaçando divulgar confidências sobre eles, usou os suplentes, que não temem a pressão popular, para favorecer sua absolvição no Conselho de Ética, e ainda foi beneficiado por uma oposição conciliadora, disse ao jornal O Estado de S. Paulo o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ). Em entrevista publicada na edição deste domingo, Gabeira conta que membros do Conselho de Ética são costumeiramente hostilizados no Congresso: "O papel do parlamentar que participa do conselho é sempre incômodo".

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O deputado afirma que a corrupção na política brasileira não aumentou. Os políticos, explica, sempre foram "complicados"; a diferença é que agora os mecanismos de controle avançaram. Gabeira diz que a sucessão de escândalos vai causar mais comoções públicas e que esse processo acabará por produzir resultados.

O parlamentar vê contradição entre o PT que antes estimulava invasões e greves e o PT que, no governo, faz um projeto contra as greves no serviço público. Afirma que muita gente na administração Lula tem simpatia pelos movimentos que patrocinam protestos abusivos e que o próprio governo é agradecido a esses movimentos. Mas destaca que o governo foi eleito para defender o Estado de Direito. "O governo tem de admitir que foi eleito não para fazer uma transição para o socialismo, mas para gerir o capitalismo."

Questionado sobre o comportamento de o presidente do Senado, Gabeira aponta o que considera uma sucessão de irregularidades. "A primeira foi ter uma relação tão confidencial com um lobista, que detinha segredo importante dele, que, como presidente do Congresso, dirige a votação do Orçamento que direciona recursos que interessam à empresa do lobista. A segunda foi que apresentou ao Conselho de Ética uma relação de documentos que foram desmentidos. Mentiu com documentos. A terceira foi fazer reuniões e controlar pelo telefone os debates no conselho que está julgando seu caso – enquanto ele continua na presidência do Senado.

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E o que mais Renan fez de errado? "Em primeiro lugar, usou os suplentes. Segundo, ameaçou usar as confidências que detém, no sentido de intimidar. Há senadores que estão intimidados – aquela coisa do ‘eu não caio sozinho’. Terceiro, a oposição de hoje não tem as mesmas características da oposição de antes e é muito mais voltada para o acordo e a conciliação do que para o combate.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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