Feitiço vira contra a feiticeira tucana

A deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO) ganhou notoriedade na atual crise política ao acusar o deputado Sandro Mabel (PL-GO) de lhe fazer proposta de suborno e oferecer R$ 1 milhão, além de R$ 30 mil por mês, para ela trocar seu partido pelo PL. Mabel foi absolvido da acusação.

Raquel volta a chamar atenção, desta vez como acusada. Ela está sendo investigada pela Câmara dos Deputados porque teria empregado seu marido, Alladio Teixeira Alvares Júnior, em seu gabinete entre 16 de junho de 2004 até 26 de janeiro de 2005, data em que se licenciou para assumir a Secretaria de Ciência e Tecnologia do governo de Goiás.

A Comissão de Sindicância da Corregedoria da Câmara investiga se Alladio poderia ter ocupado o cargo de secretário parlamentar (SP-26) no gabinete de sua esposa por ele ser empresário. A lei que trata do regime dos servidores públicos proíbe acúmulo de cargo público com a gerência ou administração de empresa privada. Alladio é engenheiro e dono da Egapp Consultoria e Planejamento, que presta serviços para a Caixa Econômica Federal.

Alladio continua na Câmara. Quando sua mulher licenciou-se para assumir a secretaria, ele foi transferido de gabiente e passou a trabalhar, também como secretário parlamentar, mas no gabinete do deputado Sérgio Caiado (PP-GO), um aliado político de Raquel Teixeira. O salário é de R$ 6,5 mil. Apesar de a deputada ter retornado à Câmara recentemente, ele permanece lotado no gabinete de Caiado.

O relatório que pede a investigação é assinado por Robson Tuma (PFL-SP), que preside a Comissão de Sindicância. O parecer foi aprovado por unanimidade por todos os integrantes da comissão, composta ainda por Mussa Demes (PFL-PI), Givaldo Carimbão (PSB-AL) e Odair Cunha (PT-MG). A denúncia da possível irregularidade na contratação de Alladio foi feita na comissão por Sandro Mabel, que representou contra Raquel Teixeira. A investigação será feita pela Secretaria de Controle Interno da Câmara.

Quando foi contratado para trabalhar no gabinete de sua esposa, Alladio assinou uma declaração no departamento pessoal garantindo que não era gestor ou gerente de empresa privada. Raquel Teixeira afirmou que não houve qualquer irregularidade na contratação de seu marido. Segundo ela, Alladio tem uma empresa pequena de avaliação de imóveis, que sequer tem funcionários. Sobre o fato de empregar o marido em seu gabinete, a deputada afirmou:

"Se ele fosse o único parente contratado em gabinetes na Câmara eu ficaria preocupada. Ele tem dois mestrados e é uma pessoa extremamente qualificada. Foi professor universitário. O Alladio presta um serviço de qualidade. É um apoio importante que tenho na minha vida política. Ele não pode ser punido por ser meu marido", defende-se Raquel.

O mesmo relatório da Comissão de Sindicância recomendou à Mesa da Câmara que puna Raquel com advertência por ela não ter feito a denúncia de suposta proposta de suborno na época em que teria ocorrido, em 2003, independentemente de ter sido verdadeira ou não. A advertência é uma das punições previstas no Código de Ética e Decoro Parlamentar. 

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