Aproximar o consumidor de quem produz o alimento foi o objetivo de uma feira que reuniu mais de 3 mil pessoas e cerca de 30 produtores rurais no sábado, 12. O evento durou o dia todo no Parque da Água Branca, na zona oeste da capital paulista. Arroz preto, milho vermelho, azeites nacionais, embutidos, queijos premiados, cervejas artesanais, produtos feitos de cacau, carnes, cafés, doces, bebidas e artesanato de diversas regiões do País foram alguns dos destaques da feira.

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A Feira Viva, em sua 2ª edição, teve como meta fortalecer as relações entre quem consome e quem produz. O evento se baseou em quatro conceitos: regionalidade, meio ambiente, gastronomia e empoderamento do produtor rural. Se a agricultura de grande escala conseguiu ser autossuficiente, os pequenos e médios produtores enfrentam dificuldades, principalmente para acessarem o mercado.

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O produtor rural Patrick Assumpção, um dos idealizadores da feira, diz que o evento se apoia no fator cultural para valorizar os alimentos. “A gente sempre se espelha no que é de fora, mas se esquece o que nós também temos. Temos que nos apoderar da nossa cultura e fazer com que nosso produto seja mais consumido e valorizado.”

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Os produtos levados foram escolhidos por terem apelo regional e identidade única, explica a engenheira agrônoma Keila Malvezzi, uma das responsáveis pela seleção dos produtores rurais. “Tudo aqui tem um diferencial, tradições alimentares e uma questão cultural”, diz. “Muitas vezes, a agricultura foca só no aumento da produção, mas aqui eles levam em conta também nas qualidades nutricionais.”

Para João Adrien Fernandes, diretor da Sociedade Rural Brasileira, uma das apoiadoras do evento, a feira busca abrir espaço para os produtores rurais. “Aproximar o urbano do rural é o nosso desafio.”

A publicitária Daniela Altenfelder, de 25 anos, adorou o evento. “Essa feira é uma iniciativa boa para apoiar os produtores rurais, a economia local e valorizar o que temos aqui”, diz.

O agricultor Edinho Montenegro, de Bocaina (SP), planta noz macadâmia e produz barrinhas, óleos e farinhas a partir da castanha, originária da Austrália. Para ele, o evento é uma forma de se conectar com novos consumidores. “Essa feira dá uma oportunidade rara de as pessoas conhecerem o que fazemos dentro da fazenda. Seria muito difícil atingir um público se não fosse essa ocasião”, afirma.

O comerciante Douglas Oliveira, de Divinópolis (MG), diz que faltam eventos em que é possível ter contato com o consumidor final. “Muitas vezes temos carência de espaços que valorizem o que a gente faz”, diz ele, que vende carne suína em lata e usa gordura animal como conservante, como no passado. “É a comida como nossas avós faziam”, compara.

Na mesma linha, o cozinheiro Rafa Bocaina diz que a feira promove uma “religação” das pessoas com o campo. Ele diz que a vida no campo tem seus caprichos, dificuldades, mas a indústria nos fez esquecer que a natureza tem seu tempo.

“Os heróis da gastronomia são os produtores rurais, que batalham no dia a dia sob chuva e sol, para produzir”, diz ele, que levou dez porcos caipiras para serem provados com fubá de milho vermelho da Serra da Bocaina, espécie ancestral quase extinta e resgatada por agricultores.

O projeto da Feira Viva prevê quatro edições por ano, uma em cada estação. A próxima será em outubro. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem mais de 4 milhões de propriedades rurais familiares. Elas produzem 87% da mandioca, 70% do feijão, 58% do leite e metade da carne de aves consumidas no País, de acordo com o IBGE.