Fazendeiro suspeito de matar fiscais em Unaí

Brasília – A Polícia Federal vai intimar para depor ainda nesta semana o empresário Norberto Mânica, apontado pela PF como o suposto mandante da morte dos três fiscais e o motorista do Ministério do Trabalho, em janeiro deste ano, em Unaí (MG). Entre domingo e segunda-feira, a polícia prendeu seis pessoas, quatro executores e dois intermediários do crime.

“A linha mais contundente da investigação leva até o senhor Mânica”, disse o delegado Wagner Pinto de Souza, chefe da Delegacia de Homicídios de Belo Horizonte, que também participou das investigações. Mânica, um dos maiores plantadores de feijão do País, deve R$ 2 milhões em multas aplicadas pelo fiscal Nelson José da Silva, um dos três fiscais assassinados. As multas foram aplicadas por contratação ilegal de trabalhadores. O empresário também seria credor de uma dívida de R$ 180 mil do comerciante Hugo Alves Pimenta, preso na tarde de anteontem como intermediário na contratação dos pistoleiros.

Em depoimento à PF, os pistoleiros contaram detalhes do crime. Eles teriam sido contratados por R$ 25 mil para matar Nelson, considerado o fiscal mais rigoroso da região, mas depois pediram aumento quando descobriram que ele chegara em Unaí acompanhado de outros dois fiscais e um motorista. O chefe dos pistoleiros, Francisco Elder Pinheiro, o Chico Pinheiro, ligou para José Alberto de Castro, o Zezinho, outro intermediário e empregado de Hugo Alves, para reclamar do valor da contratação. Depois de conversar com Hugo, Zezinho autorizou os pistoleiros a matarem todos os quatro.

“Pode matar todos que a gente dobra o preço”, teria dito Hugo a Zezinho, segundo disse Chico Pinheiro à Polícia Federal. Os pistoleiros dispararam nove tiros: dois em Nelson, três em João Batista Lages, dois em Erastótenes de Almeida Gonçalves e dois no motorista Ailton Pereira de Oliveira. Todos levaram tiros na cabeça, disse o delegado Antônio Celso dos Santos, que preside o inquérito.

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, fez uma explanação antes da entrevista dos delegados e elogiou a parceria entre a PF e a Polícia Civil de Minas. “Isso mostra a importância do Susp (Sistema Único de Segurança Pública), a importância do trabalho em parceria”, disse Bastos.

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