A Polícia Federal interditou na tarde de hoje uma fazenda suspeita de extrair irregularmente minerais de 40% de um terreno com cerca de 2 milhões de metros quadrados, no distrito de Tamoios, em Cabo Frio, região dos Lagos, a 140km do Rio.
De acordo com o delegado Fábio Scliar, da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da PF, o proprietário da fazenda terá que prestar esclarecimentos sobre uma licença ambiental vencida desde abril de 2011.
Funcionários da propriedade, porém, apresentaram documento de solicitação ao governo de renovação de licença ambiental. O gerente da fazenda Carlos Alberto Barbosa foi detido para averiguação, já que o proprietário não foi localizado.
Scliar afirmou que o fazendeiro terá que responder pelos crimes de extração irregular de areia em desacordo com a licença ambiental, sonegação fiscal e degradação ambiental por não apresentar alternativas de recuperação da área degradada. A polícia ainda analisa documentos apreendidos no local.
Uma pista clandestina para pousos e decolagens de aviões também foi interditada no terreno por falta de registro no Inea (Instituto Estadual do Ambiente).
Barbosa afirmou à reportagem que a pista era utilizada somente para helicópteros e apresentou à polícia uma licença do 3º Comar (Comando Aéreo Regional) da Aeronáutica. Ele disse desconhecer as acusações da PF.
Funcionários disseram à reportagem que o proprietário do terreno, identificado como Osana Almeida, foi contatado no final da manhã, na cidade do Rio. A reportagem não localizou Almeida.
De acordo com a investigação, as atividades da fazenda atingem os lençóis freáticos daquele distrito –o que prejudica o abastecimento de água potável aos moradores locais. Ao menos dez empresas do ramo funcionam no terreno –sob licença da Prefeitura de Cabo Frio.
Cerca de 100 caminhões transportam areia diariamente do local. Documentos apreendidos pela polícia comprovam que a empresa “Minerare — Mineração e Comércio Ltda” vendia a R$ 17 o metro cúbico de areia e emitia nota fiscal de R$ 4. A média de mercado do mineral por metro cúbico é de R$ 25 a R$ 30.
Participaram da operação cerca de 50 policiais federais, policiais militares, técnicos do Inea (Instituto Estadual do Ambiente) e do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral). O secretário estadual de Meio Ambiente, Carlos Minc, acompanhou a operação, batizada de “Sustentabilidade”.