Rio – O homem que aparece em imagens das câmeras de vigilância da universidade Estácio de Sá, no Rio Comprido, no Rio, não segurava um fuzil, mas uma vassoura. O faxineiro Jonson Vagner se reconheceu nas imagens – registradas em 5 de maio, no momento em que a estudante Luciana Gonçalves de Novaes é atingida com um disparo no rosto – e esclareceu a confusão. “Eu me reconheci na imagem. Sou encarregado da limpeza e estou com a consciência tranqüila.”
Nas primeiras análises das imagens gravadas no bloco F, que fica a poucos metros do Morro do Turano, e onde Luciana lanchava, a polícia chegou a acreditar que o homem que aparece no fundo do vídeo era um traficante armado. “Eu estava saindo do almoxarifado com três vassouras amarradas, quando ouvi os tiros. Só pensei em me esconder. É desespero atrás de desespero.” No dia 21 de abril, a sobrinha dele, de 11 anos, morreu com um tiro na cabeça, em casa, no morro dos Macacos, na zona norte.
Por uma hora e meia, a polícia fez ontem a reconstituição da cena em que Luciana é baleada. Peritos do Instituto Carlos Éboli (ICCE) e oito pessoas, entre funcionários e alunos, participaram da simulação, que começou 9h30. O resultado da perícia será confrontado com as imagens registradas pelas câmeras de vigilância da universidade e com radiografias do maxilar da estudante, atingido pelo tiro.
O delegado Luiz Alberto de Andrade, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, que assumiu as investigações, disse que ainda não tem como saber se os tiros partiram do câmpus ou do Morro do Turano. “Hoje (ontem), conseguimos saber a posição exata da estudante e das pessoas que estavam perto dela. Agora, de onde veio o tiro, a distância e o ângulo (do disparo), só vamos saber após o trabalho da perícia. Até o fim de semana, devemos ter respostas.” O delegado disse que ficou sabendo hoje da existência de uma testemunha, cuja identidade não foi revelada, que teria visto de onde foi dado o tiro que feriu a estudante.