As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciaram ter enviado uma carta ao 11.º Encontro do Foro de São Paulo felicitando o Brasil pela vitória do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
A carta, no entanto, não foi divulgada no encontro, encerrado hoje em Antigua, na Guatemala. E não chegou ao representante do PT no Foro, o deputado Paulo Delgado (MG).
“Dificilmente, pelo mecanismo formal do encontro, a carta produz alguma decisão”, declarou Delgado, que participava hoje da redação da declaração final do encontro, na qual a Colômbia não deveria ser mencionada. “Não tomei conhecimento formalmente da carta”, disse o deputado, “nem tenho por que comentá-la. Qualquer organização pode enviar uma mensagem saudando o encontro”.
“As posições do PT estão muito claras na minha intervenção inicial, em todos os grupos de trabalho e na declaração final”, continuou o deputado. “As regiões que optaram pela guerra como forma de resolver conflitos não saíram dela.”
“Reconhecemos o direito dos povos à insurgência, mas achamos que a Colômbia tem de encontrar uma solução democrática para o conflito”, reagiu o vice-presidente do PC do B, José Reinaldo de Carvalho, encarregado pelas relações internacionais do partido. O PC do B é contra o Plano Colômbia, o programa de ajuda militar dos EUA, que, segundo Reinaldo, representa a “militarização da fronteira e um risco para o Brasil”.
As Farc e o Exército de Libertação Nacional (ELN), outro grupo guerrilheiro colombiano, são membros do Foro de São Paulo. Mas sua participação só é aceita indiretamente, por meio de uma “delegação unitária” da Colômbia, composta por militantes de três organizações legais: o M-19, o Partido Comunista Colombiano e o grupo Presentes pelo Socialismo.