Rio – Passado um mês do assassinato de 29 moradores dos municípios de Nova Iguaçu e Queimados, na Baixada Fluminense, pais, mães, irmãos, amigos e vizinhos das vítimas continuam sob o impacto da violência.
Alguns lutam pela condenação dos criminosos. Outros não têm forças: preferem se recolher, com medo de serem mortos. Trinta e três pessoas buscaram ajuda no serviço de psicologia do Centro de Referência e Assistência Social à Família, que funciona na Escola Municipal Emílio Garrastazzu Médici, em Nova Iguaçu.
O grupo era maior, mas cinco pacientes desistiram depois de uma ou duas sessões por acharem que o tratamento poderia expô-los a algum tipo de risco. Até as psicólogas temem por sua segurança. Uma delas, A., preferiu não ter a identidade revelada.
Segundo A., boa parte das pessoas atendidas está doente. Elas sofrem de depressão e fobias que modificam seu cotidiano. B., uma mulher de 38 anos que perdeu um irmão no massacre de 31 de março, não deixa sua casa, no bairro Cerâmica, nem mesmo para ir ao centro de Nova Iguaçu.
?Ela não vai a lugar algum, não anda por ruas próximas. Não trabalha, tem pavor de pegar ônibus e largou a terapia também por medo?, contou a psicóloga. Outro caso que chamou a atenção foi o de C., de 17 anos, que parou de ir à escola depois de ver amigos e vizinhos executados. Sete das vítimas eram menores de idade. O pai da menina morreu seis anos atrás. ?A garota até quer sair do bairro, retomar sua vida, mas está muito abalada porque viu gente da sua idade morrendo. Isso é terrível, porque os adolescentes são destemidos, acham que não vão morrer nunca?, afirmou A. ?Os jovens daqui estão sem esperança alguma.? Ontem, a Igreja da Candelária, no centro do Rio, realizou missa para lembrar as vítimas.