Os detentos da Família do Norte fizeram pelo menos quatro vídeos com celulares mostrando os corpos de seus desafetos do Primeiro Comando da Capital (PCC) e de outras vítimas da rebelião que deixou 56 mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus. Com até 3 minutos de duração, os vídeos são acompanhados pela narração dos bandidos, chamando as vítimas de “nego safado” e “canalha”. A maioria está com a cabeça cortada ou gravemente mutilada.

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As imagens da decapitação de rivais – prática que era uma das marcas do PCC – seriam uma forma de a facção demonstrar força. “Cortar as cabeças é uma forma de intimidar os inimigos e isso ficou mais fácil com as mídias sociais, com as imagens transmitidas por meio dos telefones celulares”, afirmou o procurador de Justiça, Márcio Sérgio Christino, especializado no combate ao crime organizado.

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Em outro dos vídeos é possível ver um dos presidiários reunindo as cabeças das vítimas e descrevendo uma a uma quem seriam, todas acusadas de pertencer ao PCC. Uma terceira sequência exibe um bandido cortando a cabeça de um dos mortos. O responsável pela decapitação veste luvas cirúrgicas.

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De acordo com Christino, a primeira facção que adotou a prática de cortar a cabeça dos desafetos foi o PCC. “Foi uma das lideranças, o preso Jonas Mateus, que começou com isso. Ele era açougueiro.”

No caminho para consolidar seu monopólio nas cadeias paulistas, o PCC decapitou em 1999, durante uma rebelião na Casa de Custódia de Taubaté, os presos Max Luis Gusmão de Oliveira, o Dentinho, Ademar dos Santos, o Da Fé, e Antonio Carlos dos Santos, o Bicho Feio, fundadores da facção rival CRBC. Uma das cabeças foi atirada nos pés do magistrado que negociava o fim da rebelião.

Mateus chegou a ser considerado o segundo homem na hierarquia da facção e tinha 30 anos quando foi morto na Penitenciária de Araraquara, em 30 de novembro de 2001, durante a série de mortes na cúpula que consolidou o poder de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. Mateus acabou com a cabeça cortada. “Essa prática agora se generalizou. É muito provável que nas próximos rebeliões outras decapitações sejam filmadas e distribuídas pelo WhatsApp”, disse Christino. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.