Uma rebelião no PMDB, partido do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e a obstrução da oposição provocaram, pela segunda vez consecutiva, a derrota do governo, que, mais uma vez não conseguiu pôr 41 senadores em plenário para aprovar a indicação de Luiz Antônio Pagot para o comando do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT). A oposição manteve a estratégia de obstruir a sessão, dando mais um recado ao Planalto de que a crise persiste na Casa e pode criar dificuldades para a votação da CPMF.
Renan minimizou o estrago e não tomou para si a derrota de ontem. ?Obstrução não é contra ninguém, mas sim função de uma pauta. A obstrução é regimental?, afirmou. ?Não cabe ao presidente do Senado falar sobre isso, porque os líderes é quem têm de negociar. Cabe ao presidente presidir?, prosseguiu ele, que pouco antes teve a primeira conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois da absolvição na semana passada. Renan convocou para esta quinta sessão extraordinária do Congresso para promulgar duas emendas constitucionais.
A líder do PT, Ideli Salvatti (SC), passou a manhã mobilizando seus partidários para enfrentar a oposição. No meio da tarde, admitiu ?estar entrando em chilique? ao constatar que alguns senadores já tinham viajado. À noite, nervosa, comentou com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que a situação estava complicada.
Um dos senadores que viajaram antes da votação foi Gilvam Borges (PMDB-AP), considerado voto garantido em favor de Pagot. Mesmo em obstrução, o senador José Maranhão (PMDB-PB) votou numa deferência a Pagot, de quem é amigo, mas deixou claro ao líder do partido, Valdir Raupp (RR), que não votará em favor do governo enquanto o Planalto não resolver pendências em seu Estado. Maranhão está irritado com a demissão do ocupante do ?único cargo? que tinha em seu Estado: uma diretoria do Banco do Nordeste (BNB). Outros senadores do PMDB, como Mão Santa (PI), Pedro Simon (RS), Gerson Camata (ES), também mostraram que vão dar muito trabalho na votação da prorrogação da CPMF.