Faculdades crescem, mas investem menos em docentes

Mesmo com as restrições ao Financiamento Estudantil (Fies) e a crise financeira, os grandes grupos educacionais de ensino superior com ações na Bolsa mantiveram o crescimento de suas receitas em 2015. Mas eles têm direcionado proporção cada vez menor de recursos aos professores. De 2011 a 2015, os grupos tiveram um salto de 328% na receita bruta, sem desconto de impostos. Já a remuneração dos docentes em relação à receita líquida passou, na média, de 40%, em 2011, para 37% no ano passado.

Os dados foram extraídos dos balanços financeiros e notas explicativas divulgados ao mercado pelas companhias (Anima, Kroton, Estácio e Ser). As informações foram processadas e analisadas pela consultoria de Oscar Malvessi, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a pedido da Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp).

“As restrições ao Fies não tiveram impacto para essas empresas. Elas continuaram crescendo, aumentaram o número de alunos, a economia delas é saudável”, disse Malvessi. Em 2015, os grupos aumentaram em 7,7% o número de alunos, em relação ao ano anterior, e alcançaram 1,03 milhão de alunos – 45% deles bolsistas do Fies.

“Essas empresas aproveitaram o Fies para crescer e tiveram muito sucesso financeiro. Mas não repassaram aos professores, não investiram em qualificação e melhoria do ensino. Só pensam no lucro exacerbado e não se preocupam com o produto que vendem, que deveria ser um bem social”, disse Celso Napolitano, presidente da Fepesp. A categoria está em campanha salarial e usará o estudo para reivindicar ganhos reais, já que o sindicato patronal apresentou proposta de apenas reajuste inflacionário, parcelado em duas vezes, justificando a crise financeira do País.

Para Rodrigo Capelato, diretor do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), os grupos mantiveram crescimento em 2015, pois absorveram os alunos que não conseguiram o Fies. “Havia uma grande demanda dos estudantes que não sabiam das mudanças no programa e as empresas absorveram esses alunos com crédito estudantil e bolsas próprias. Ou seja, aumentaram a base de alunos, mas não o caixa.”

Anima, Estácio e Kroton disseram ter gestão focada na eficiência de gastos e política de valorização docente, “o que se reflete no desempenho dos alunos em exames e boa colocação no mercado de trabalho”. O grupo Ser não respondeu ao questionamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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