Pacientes inscritos no programa de apoio da farmacêutica Novo Nordisk receberam, nos últimos dias, uma notificação sinalizando a falta de Ozempic na versão de 1 mg em farmácias brasileiras. A farmacêutica afirma que a possível escassez ocorre em decorrência do aumento da demanda.
O risco de problemas no fornecimento, porém, é observado desde fevereiro, quando a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Santária) foi notificada.
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Na época, a Folha de S.Paulo questionou a Novo Nordisk se a falta do medicamento teria relação com o a utilização para emagrecimento. A farmacêutica respondeu que “não é possível rastrear a finalidade de uso do produto pelo paciente”.
A nova notificação ocorreu aos pacientes inscritos no programa NovoDia, que oferece descontos e informações de apoio a quem utiliza os medicamentos da marca. “Lamentamos informar que Ozempic 1mg pode estar em falta nas farmácias”, diz a mensagem. A fabricante afirma que o alerta é um reforço de comunicação.
O medicamento se tornou popular após depoimentos que indicaram perda de peso significativa em pouco tempo, feitos principalmente por famosos e usuários nas redes sociais. O remédio é aprovado pela Anvisa para o tratamento de diabetes tipo 2, mas é utilizado de forma off-label, isto é, para fins diferentes daqueles indicados na bula, para emagrecimento.
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A farmacêutica orienta que os pacientes utilizem o medicamento apenas para o tratamento da doença provocada pela falta ou má absorção da insulina pelo corpo.
O problema afeta apenas a apresentação de 1mg do produto, que também é vendido em versão que contém 0,25 mg e 0,5 mg. Para a Novo Nordisk, isso ocorre, possivelmente, por esta ser a dose de manutenção do tratamento.
Especialistas acreditam, porém, que a falta do medicamento nas farmácias se dá principalmente pela popularização do uso para o emagrecimento, muitas vezes feito sem acompanhamento médico.
A caneta de 1 mg também é mais comumente utilizada no tratamento de sobrepeso e obesidade. Mesmo pacientes que utilizam quantidades menores costumam dar preferência ao medicamento de dose maior, dosando a quantidade desejada por meio do sistema de regulagem do medicamento. Desta forma, dizem usuários, há economia.
Há também casos de usuários que dividem a injeção semanal em microdoses diárias, contrariando a indicação do fabricante. Usar o medicamento desta forma, porém, traz riscos.
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À reportagem, a endocrinologista Adriane Rodrigues, responsável pelo ambulatório de obesidade do Serviço de Endocrinologia e Metabologia do Hospital de Clínicas da UFPR (Universidade Federal do Paraná), afirma que a aplicação fracionada é feita apenas em situações específicas.
“Às vezes fazemos duas vezes por semana em pacientes selecionados”, diz
Nestes casos, são pessoas que sentem fortes efeitos colaterais, como náuseas, vômitos e diarreia. Para eles, a dose semanal pode ser dividida em intervalos de três a quatro dias, afirma a médica.
Em posicionamento oficial, a fabricante Novo Nordisk afirma que não há problemas com a qualidade do medicamento e que a oferta deve ser normalizada ainda no segundo trimestre de 2023.
Para aqueles que possam ter o tratamento contra diabetes prejudicado pela falta do produto nas farmácias, a fabricante orienta a adoção de medidas alternativas como o uso de medicamentos da mesma classe -eles são chamados de análogos de GLP-1. Nesse caso, é importante conversar com o médico a fim de obter orientações adequadas.
A Novo Nordisk reforça, ainda, que o medicamento é direcionado para o tratamento de diabetes e que “não promove nem incentiva nenhuma promoção off-label de seus produtos”.