FAB rechaça intromissão da CPI na crise aérea

O Comando da Aeronáutica rechaçou nesta sexta-feira (22) a interferência da CPI do Apagão Aéreo da Câmara na crise nos aeroportos deflagrada pelos controladores de vôo. Os oficiais da Força Aérea Brasília (FAB) temem que a intromissão de parlamentares acabe fortalecendo o movimento dos sargentos que operam o tráfego aéreo. Depois da carta branca dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, afastar os cabeças do movimento, os oficiais querem tirar qualquer conotação política do movimento dos sargentos e deixar caracterizado que a crise do setor aéreo trata-se apenas de indisciplina e de quebra da hierarquia militar.

"Se o governo tomou uma decisão de agir com mais firmeza não cabe neste momento uma intermediação da CPI. Neste momento, há um desequilíbrio no processo", disse o relator da CPI do Apagão Aéreo, deputado Marco Maia (PT-RS). Ele e o presidente da comissão de inquérito, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), reuniram-se nesta sexta-feira com o ministro da Defesa, Waldir Pires, para oferecer ajuda na intermediação da crise deflagrada no sistema de tráfego aéreo brasileiro, que há quatro dias paralisa os aeroportos.

"É um momento para profissionais. Vamos deixar para quem tem competência resolver a crise", resumiu Marcelo Castro. "Com a liberação do governo para que a Aeronáutica endureça com os controladores, não serve para o governo que a CPI da Câmara faça o papel de mediadora. A Aeronáutica está na linha de cortar cabeças", observou a deputada Luciana Genro (PSOL-RS).

Depois que o Comando da Aeronáutica rejeitou a interferência da CPI, Castro e Maia desistiram encontrar-se nesta sexta-feira com controladores de vôo. A idéia era fazer uma reunião com o presidente da Associação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo, sargento Wellington Rodrigues. Logo depois do encontro com ministro da Defesa, Castro viajou para o Piauí para participar de festas juninas em seu Estado. O petista Marco Maia também embarcou para Porto Alegre.

Ontem, a CPI do Apagão Aéreo decidiu tentar intermediar uma solução negociada para a crise entre controladores e oficiais do Comando da Aeronáutica. Os integrantes da Comissão estiveram no Centro de Controle de Tráfego Aéreo de Brasília (Cindacta 1) e saíram preocupados com o clima de ruptura e falta de diálogo entre os oficiais da Aeronáutica e os controladores de vôo. Resolveram, então, tentar promover um acordo, mas a intervenção foi rejeitada pelo Alto Comando da Aeronáutica.

"Há um problema de diálogo. O primeiro passo é tirar a tensão dessa relação entre controladores e oficiais. Tem de ter um algodão entre cristais para não agravar o problema", afirmou Castro, ao deixar o Ministério da Defesa. "O ministro Waldir Pires nos colocou que há um conflito e que todo o governo está trabalhando para resolver a crise. O ministro deixou claro que quer resolver dentro do que prevê a legislação e a Constituição" afirmou Marco Maia. Para ele, a prisão de controladores de vôo está prevista na legislação. "Os militares estão cumprindo a lei", observou.

Depois de ser descredenciado do papel de mediador da crise militar, o deputado Marcelo Castro fez um apelo ontem para que os ministros civis fiquem calados e não dêem declarações sobre o assunto. "Ministros têm que ficar calados. Intromissões, neste momento, só trazem mais problemas", afirmou o presidente da CPI. Ele referiu-se à declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que disse que o apagão aéreo é "sinal de prosperidade". Na semana passada, a ministra do Turismo, Marta Suplicy, aconselhou os usuários a "relaxar e gozar" enquanto esperam nos aeroportos.

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