A Força Aérea Brasileira (FAB) reagiu às declarações do chefe do escritório de investigações francês e análises sobre a aviação civil (BEA), Alain Bouillard, que, ao divulgar o relatório preliminar do acidente com o Air France que caiu há um mês no Oceano Atlântico, matando 228 pessoas, criticou e questionou a demora dos controladores do tráfego aéreo brasileiro em transferir o monitoramento do avião do Brasil para o Senegal. Em nota divulgada ontem, a FAB responsabilizou o controle do tráfego aéreo de Dacar, capital senegalesa, pela demora na constatação do desaparecimento da aeronave, dizendo que desde às 23h20 o avião estava sob a guarda deles, já que os africanos foram informados e receberam aviso de que eles deveriam monitorar se o voo 447 estava no rumo certo ou alertar para alguma anormalidade.
A aeronáutica ofereceu as gravações de áudio para quem quiser checar a troca de comunicações que comprova as justificativas da FAB, lembrando que, somente três horas depois da ultima comunicação, os controladores africanos questionaram o Brasil sobre a situação da aeronave. A Aeronáutica explica que “às 22h33 do dia 31 de maio, a tripulação do AFR 447 fez o último contato por rádio com o órgão de controle de tráfego aéreo brasileiro, informando a hora estimada em que sobrevoaria as próximas posições virtuais previstas na rota”.
A FAB afirma ainda que “imediatamente depois, o órgão de controle de tráfego aéreo brasileiro (ACC Atlântico) informou ao Centro de Controle de Dacar (ACC Dacar) que a aeronave estaria na posição virtual Tasil às 23h20, haja vista que, a partir dessa posição, caberia a Dacar o controle sobre a movimentação dessa aeronave rumo à França”. A FAB informa que “o ACC Dacar confirmou o recebimento dessa informação”.
A Aeronáutica se justificou ainda lembrando que, “por meio de um acordo operacional entre os dois países (Brasil e Senegal), se uma aeronave entrar no espaço aéreo de Dacar no horário previsto, ou até três minutos depois desse horário, não se faz necessária qualquer comunicação entre os órgãos de controle de tráfego aéreo em questão para formalizar a transferência desse voo”.
Para a FAB, então, “consequentemente, às 23h20 o controle sobre o AFR 447 passou, teoricamente, para o controle do ACC Dacar, visto que não houve qualquer questionamento daquele ACC sobre a aeronave”. A nota da Aeronáutica afirma também que “por se tratar de uma região onde o controle de tráfego aéreo é realizado essencialmente por comunicação, caberia ao ACC Dacar conferir o ingresso da aeronave no seu espaço aéreo, às 23h20, e alertar sobre eventuais problemas, como por exemplo a impossibilidade de contato rádio com o AFR 447”.
Procedimentos
A FAB diz que as suas informações têm por objetivo “eliminar dúvidas sobre os procedimentos adotados pela autoridade aeronáutica brasileira em relação a essa ocorrência”. Os militares acrescentam que “no caso do AFR 447 não houve, em momento algum, captação por satélites da transmissão do sinal do equipamento de emergência (ELT) e, também, nenhuma aeronave sobrevoando a rota recebeu pedido de socorro por meio da frequência internacional de emergência (121,5MHz)” e que “somente à 1h20 do dia 1º de junho, o ACC Dacar questionou o órgão de controle de tráfego aéreo brasileiro sobre a posição do AFR 447”.
Somente depois destes procedimentos, às 2h20 o centro de coordenação e salvamento Salvaero Recife iniciou as ações necessárias para o início da operação aérea a fim de localizar a aeronave desaparecida por meio dos procedimentos iniciais de busca de informações. Em consequência, prossegue a nota, às 03h40 do dia 1º de junho, o Salvaero Recife acionou os meios da FAB, sendo que o primeiro avião, já ao nascer do sol, encontrava-se em deslocamento para realizar as buscas visuais na rota sobrevoada pelo AFR 447.