Explosão em prédio no Rio pode ter sido causada por reparo mal feito de morador

A explosão que destruiu parcialmente quatro apartamentos e provocou danos nos outros 72 do Edifício Canoas em São Conrado, na zona sul, no último dia 18 foi causada por erro na instalação de uma peça da rede de gás da cozinha do apartamento 1001. A principal hipótese é que o reparo tenha sido feito pelo morador, o alemão Markus Muller, de 51 anos, hospitalizado em estado grave.

Os investigadores descartaram as hipóteses de tentativas de suicídio ou de homicídio. Imagens da câmera de segurança de um elevador mostram Muller, no dia anterior à explosão, com duas peças semelhantes ao rabicho mal instalado.

Segundo peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (Icce), da Polícia Civil, o objeto, usado para ligar a tubulação a aparelhos domésticos, geralmente fogões, era novo. Uma fita colocada em sua base, que deveria estar danificada com o movimento de acoplagem à tubulação, estava praticamente intacta, concluiu a perícia.

“A gente constatou que ela (a peça) foi mal colocada”, disse o diretor do Icce, Sérgio William, acrescentando que a perícia não constatou qualquer indício da presença de uma segunda pessoa no apartamento na noite anterior à explosão – ou seja, Müller estava sozinho. Com isso, acredita-se que os cortes espalhados pelo corpo do alemão sejam provenientes de estilhaços, e não de facadas, como chegou a ser investigado.

Segundo William, com o impacto da explosão, o rabicho mal colocado foi “cuspido” para fora do apartamento. A peça caiu no playground do edifício, com parte dos destroços da cozinha do apartamento. A sobreposição dos azulejos da cozinha da unidade, devido a sucessivas reformas, pode ter dificultado a fixação da peça, disse o diretor .

O laudo da perícia ainda não está pronto. Deve levar 30 dias contados a partir da data do acidente. Uma informação ainda indeterminada é a quantidade de gás que vazou.

Amanhã, peritos da Polícia Civil e técnicos da Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro (CEG) planejam remontar as condições de pressão da tubulação para descobrir o tempo de vazamento e a quantidade de gás que gerou a explosão. Será feita uma simulação em local ainda indeterminado.

De acordo com peritos, o vazamento possivelmente foi iniciado na noite anterior à explosão, que deve ter sido desencadeada quando o alemão acordou e acendeu a luz, gerando uma fagulha. A informação deverá ser determinada a partir da simulação.

“Desmontou uma série de teorias da conspiração”, disse o síndico do prédio, Jorge Alexandre de Oliveira, após saber o real motivo do acidente.

O síndico não falou em um possível processo dos moradores contra o alemão, que está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Pedro Segundo, em Campo Grande (zona oeste), com 50% do corpo queimado. De acordo com Oliveira, as conclusões da Polícia Civil condizem com o que acreditavam os moradores do Canoas.

Muller poderá ser responsabilizado por crime de incêndio culposo e, na instância cível, pode ainda responder na Justiça pelos danos materiais causados aos demais moradores do prédio.

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