Exército surpreende e anuncia que só sai às ruas do Rio amanhã

Rio de Janeiro – Numa atitude surpreendente, o Exército manteve hoje suas tropas nos quartéis – um dia depois de anunciar oficialmente que 3 mil soldados estariam em 20 “pontos fortes” do Rio a partir deste sábado. E atribuiu a um equívoco de comunicação o suposto “mal-entendido”.

Uma gigantesca operação – articulada em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, a Polícia Federal e anunciada pelo relações-públicas do Exército, coronel Ivan Cosme – previa o início da atuação ostensiva da Força Armada para hoje. O objetivo era evitar possíveis distúrbios amanhã, durante as eleições. Nas ruas do Rio de Janeiro, entretanto, hoje só havia policiais militares no patrulhamento.

O coronel Cosme havia garantido ontem que, além dos 3 mil soldados espalhados por locais estratégicos, 8 mil homens ficariam de prontidão, para o caso de alguma emergência. “Deve ter havido uma má informação. O documento interno do Ministério da Defesa dizia apenas que a Força estaria totalmente pronta no alvorecer do domingo”, alegou o general Augusto Heleno Pereira, chefe do Centro de Comunicação Social do Exército (CComSex). “As tropas estão prontas nos quartéis, em condições de atuar, só não estão circulando pelas ruas porque não há nada que justifique a nossa presença, uma vez que o objetivo são as eleições”, argumentou.

O Estado tentou entrar em contato com a seção de imprensa do Exército no Rio mas ninguém atendeu às chamadas telefônicas. O telefone celular do coronel Ivan Cosme foi mantido desligado.

Com a ausência das tropas federais, a Polícia Militar fez sozinha a segurança das regiões de maior risco da cidade. Na área do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tropa de elite da PM, montaram bases de operação e fizeram rondas. De acordo com a Secretaria de Segurança, havia 14 mil integrantes da PM e 3 mil policiais civis, além de 530 agentes federais, nas ruas hoje. Amanhã, serão 33 mil homens para as eleições.

Resgate

O soldado do Exército Rogério Batista Rego foi resgatado por PMs, na manhã de hoje, do Morro da Lagartixa, na zona norte da cidade, onde estava sendo torturado por traficantes. A polícia acredita que o crime tenha sido uma retaliação à participação das Forças Armadas na segurança da cidade no período eleitoral. Rego estava em um ônibus e seguia para o 1.º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (GACAP), na Vila Militar, onde deveria ficar de prontidão.

O ônibus foi assaltado e os criminosos, ao identificar o soldado, o levaram para o alto do morro. Lá, ele foi amarrado a uma árvore, espancado e seria executado. PMs que patrulhavam as proximidades do morro ouviram tiros e seguiram para o local. Os agressores fugiram. Rego foi levado para o Hospital Carlos Chagas e está fora de perigo.

Em Ipanema, criminosos invadiram uma academia de ginástica e teriam, segundo a PM, deixado na parede pichações com as inscrições “Não fechou, está morto” – alusão ao fato de a academia ter funcionado na segunda-feira em que uma onda de boatos levou o comércio a fechar as portas. Um dos sócios da academia, José Antônio da Rosa, negou as pichações, mas a entrada de fotógrafos não foi permitida na galeria comercial onde funciona academia.

Na Gávea, quatro rapazes de classe média foram presos de manhã, quando ameaçavam comerciantes, mandando-os fechar suas lojas por ordem do tráfico. O delegado Carlos Alberto Nunes Pinto disse que eles haviam passado a noite numa boate da Barra e pareciam estar embriagados. Foram indiciados por “atentado contra Liberdade do Trabalho”, e podem ser condenados a cumprir entre três meses e um ano de prisão

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