Cerca de 600 homens do Exército, da 23ª Brigada de Infantaria e Selva de Marabá, ocuparam na madrugada desta quarta-feira o garimpo de Serra Pelada, em Curionópolis, no sul do Pará. O governador Almir Gabriel (PSDB) foi quem pediu domingo ao presidente Fernando Henrique Cardoso para que os militares entrassem no garimpo. Havia risco de confronto entre dez mil garimpeiros ligados a três grupos rivais que disputam o comando da Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp). A situação piorou no domingo, depois do assassinato a tiros do presidente do Sindicato dos Garimpeiros de Curionópolis, Antonio Clênio Cunha Lemos. A vítima estava concluindo um relatório com uma relação de 43 mil garimpeiros com “direitos adquiridos” sobre a exploração da mina de Serra Pelada, onde existiria uma jazida com 100 toneladas de ouro. Eles também teriam direito a receber R$ 108 milhões da Caixa Econômica Federal pela venda ao governo do paládio – rejeito do ouro-, em 1985. Os militares entraram na cidade de cinco mil habitantes, em volta do garimpo, quando todos dormiam. Chegaram em 15 caminhões de transporte de tropas e começaram uma operação para localizar armas e remover trincheiras dentro do garimpo e na estrada de acesso construídas por garimpeiros ligados ao ex-agente do antigo Serviço Nacional de Informações (SNI) e atual prefeito de Curionópolis, Sebastião Curió Rodrigues de Moura. O grupo de Curió vem impedindo há uma semana a entrada no garimpo de outros seis mil garimpeiros comandados pelos sindicalistas Luiz da Mata e Raimundo Benigno. A ação do Exército surpreendeu os garimpeiros, sobretudo porque na terça-feira, durante reunião em Belém com o governador, eles não foram avisados sobre a ocupação. “O governador não falou nada para nós e não sabemos agora como as coisas vão ficar”, disse Benigno. Em Marabá nenhum militar quis se pronunciar sobre a ocupação, mas uma fonte informou que ninguém entra ou sai do garimpo enquanto o Exército não desarmar todos os garimpeiros e restabelecer a ordem. O secretário de Defesa Social do Pará, Paulo Sette Câmara, disse à Agência Estado que a presença do Exército no garimpo não significa uma intervenção federal, porque foi o governador quem tomou a iniciativa de solicitá-la ao presidente. “O Estado fará a substituição gradual dos militares e marcará sua presença no garimpo de acordo com solicitação feita pelos próprios garimpeiros ao governador”, disse. Câmara afirmou desconhecer se o Exército estava impedindo o acesso ou a saída de garimpeiros de Serra Pelada. “Vou apurar isso, mas, se for verdade, não concordo”. O chefe da Polícia Civil paraense, delegado Lauriston Góes, anunciou que dois homens suspeitos de envolvimento na morte de Antônio Clênio devem ser presos a qualquer momento. “Vamos pedir nesta quinta-feira à Justiça de Curionópolis a prisão temporária deles”, disse. O delegado não citou nomes para “não prejudicar o trabalho policial”.
Exército ocupa Serra Pelada para impedir conflito
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