Rio – Nada do que era previsto em relação à participação do Exército no combate à criminalidade no Rio foi definido na reunião de ontem, no Palácio Guanabara, entre a governadora do RJ Rosinha Matheus (PMDB) e os ministros da Defesa José Viegas, da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e da Articulação Política, Aldo Rebelo. O uso de homens da Brigada de Infantaria Pára-Quedista para o patrulhamento ostensivo na cidade foi desmentido pela governadora diante do ministro Rebelo. “A população não vai ver tropa nem canhão na rua, até porque não foi isso que o Estado solicitou nem o que o governo federal veio oferecer”, disse, em tom irritado.
Apesar de divulgarem nota conjunta, a reunião foi tensa e marcada pela disputa política entre os governos federal e estadual. Rosinha recusou a proposta apresentada pelo ministro Viegas, na qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva editaria decreto subordinando o comando das polícias estaduais ao Comando Militar do Leste, que patrulharia vias importantes da cidade. Rosinha bateu pé e não aceitou a proposta. Ela convenceu os ministros a reeditarem o convênio que possibilitou o envio de tropas para o Rio no Carnaval do ano passado e em 1994, sem esse dispositivo.
Tropa
Viegas confirmou em Brasília que o acordo não envolverá o envio das Forças Armadas para ações de caráter militar, mas apenas “ação positiva” e de apoio na seleção e instrução das tropas estaduais e na abertura de inquéritos. Ele esclareceu que os termos do acordo refletiram “preferência” do governo do Rio e não eventual desistência de Brasília em atender às solicitações da governadora.
Em pronunciamento depois da reunião, ela e o ministro Rebelo anunciaram que 2 mil militares do Exército seriam destacados para fazer operações específicas com o objetivo de apreender armas de uso restrito em poder de traficantes.