Exército já vasculha região do Araguaia

Oficiais do 52º Batalhão de Infantaria de Selva, de Marabá, vasculham há um mês a Serra das Andorinhas, no sul do Pará, região indicada em relatórios como local de combates e sepultamento de integrantes da Guerrilha do Araguaia (1972-1975). A região de Três Quedas, no município de São Geraldo do Araguaia, foi um dos lugares mapeados recentemente pelos militares. Nos dias 27 e 28 de maio, uma equipe de quatro oficiais do Exército esteve nas terras do empresário Jorge Araújo, que não estão numa área de manobra e treinamento militar.

A presença do Exército na região da guerrilha chama a atenção porque a área deve ser revirada em breve à procura das ossadas dos militantes do PC do B e camponeses mortos. Uma comissão foi criada há quase dois meses pelo Ministério da Defesa, mas a indicação dos nomes de quem vai participar das buscas está atrasada – apesar de o ministro Nelson Jobim ter estabelecido que a comissão deveria ser constituída até o dia 14 de maio. Até o momento, só três integrantes foram nomeados. Seis procuradores da República já pediram que as buscas no Araguaia sejam coordenadas por autoridades civis vinculadas à promoção de direitos humanos e acompanhadas por familiares de vítimas.

Às 8 horas do dia 28 de maio, uma equipe militar esteve no Hotel Cidade, do empresário Jorge Araújo, no centro de São Geraldo do Araguaia, e pediu autorização de entrada na fazenda, a 28 quilômetros da cidade. “Eles disseram que estavam atrás dos ossos do pessoal da guerrilha”, relata Araújo. O gerente do Hotel Cidade, Pauliram Pereira da Silva, 25 anos, disse que os oficiais estavam com aparelhos GPS e poucas armas. “Eu perguntei se eles tinham condições de achar as ossadas. Um oficial me respondeu que tudo estava mapeado, eles estavam com GPS e tinham as localizações.”

A assessoria do Ministério da Defesa afirmou que “o Exército não está vasculhando áreas”. O que o comando local está fazendo é “adiantar os trabalhos da comissão (de Jobim), reconhecendo os locais que deverão ser vasculhados. Os militares não farão o trabalho de busca, apenas darão apoio logístico ao pessoal do grupo de trabalho”. Segundo a Defesa, “a parte do Exército está pronta, esperando a indicação das pessoas para que se iniciem os trabalhos”. O Exército informou que não participará dos trabalhos de busca para evitar acusações de “interferência indevida”.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna