Quatro executivos da Vale conseguiram habeas corpus na Justiça de Minas Gerais para não participar de acareação que seria realizada nesta quinta-feira, 11, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa que investiga o rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho, na Grande Belo Horizonte, no dia 25 de janeiro. Cinco meses e meio depois da tragédia, a Defesa Civil do Estado confirma a morte de 248 pessoas por causa da ruptura da estrutura. Outras 22 seguem desaparecidas. As buscas por corpos continuam na área atingida pela lama que vazou da estrutura.
A acareação seria feita entre os executivos Cristina Malheiros, Renzo Albieri Guimarães Carvalho, César Augusto Grandchamp e Artur Bastos Ribeiro, envolvidos com o monitoramento e segurança da barragem que se rompeu, e o funcionário da mineradora há 18 anos Fernando Henrique Barbosa Coelho, que à época da tragédia era operador mecânico.
Em depoimento anterior à CPI, Barbosa Coelho afirmou que seu pai, Olavo Coelho, morador da região com profundo conhecimento sobre a barragem, teria sido chamado seis meses antes do rompimento pela empresa para dar opinião sobre a situação da represa. A resposta do pai a representantes da Vale, segundo o operador mecânico, teria sido de que a barragem tinha vazamentos, com danos irreversíveis, e que poderia se romper. Olavo Coelho está entre as vítimas da tragédia.
Todos os executivos da mineradora beneficiados pelo habeas corpus afirmaram, também à CPI, que a estrutura não apresentava sinais de que poderia ruir.
A defesa dos executivos da Vale Cristina Malheiros, Renzo Albieri Guimarães Carvalho e Artur Bastos Ribeiro, no pedido de habeas corpus, alegam, conforme consta no relatório da decisão, que, “como testemunha ou investigado, os pacientes fazem jus a duas garantias constitucionais, a saber: o direito de permanecerem em silêncio e o direito de não se auto incriminarem. Diante disso, requerem o deferimento da liminar, com a expedição de salvo conduto, para que seja garantido aos pacientes o direito de não comparecerem à sessão”. Do grupo, três executivos têm um mesmo advogado, Marcelo Leonardo. Já Grandchamp tem Leonardo Salles como defensor, segundo a assessoria da relatoria da CPI.
Com os habeas corpus, a sessão da CPI foi aberta e o funcionário da mineradora Barbosa Coelha apenas reafirmou o depoimento prestado anteriormente. Procurada pela reportagem, a Vale ainda não se manifestou.