O executivo Roberto Amaral caiu na malha da Operação Satiagraha – investigação da Polícia Federal sobre envolvimento do banqueiro Daniel Dantas em suposto esquema de crimes financeiros e lavagem de dinheiro. Ele foi indiciado pela PF por crimes de evasão de divisas, formação de quadrilha e ligação com organização criminosa. Amigo e consultor empresarial de Dantas, Amaral é um dos 13 indiciados no inquérito Satiagraha. O enquadramento formal do executivo ocorreu há uma semana. Ele ficou em silêncio na audiência com o delegado Ricardo Saadi, que ontem concluiu a polêmica investigação. O relatório final do caso deve chegar hoje à Justiça Federal.
Amaral é um dos 3 indiciados da Satiagraha que não integram os quadros do Opportunity. Além dele, foram enquadrados o advogado Rodrigo Bhering Andrade e o investidor Willian Yu, sócio de uma consultoria financeira. Os outros 10 que a PF incluiu no relatório são todos do grupo de Dantas. Amaral trabalhou durante 30 anos na Andrade Gutierrez, empreiteira que detém importantes contratos com governos estaduais, municipais e federal para obras de grande porte.
A PF apurou que as relações de Amaral com Dantas foram reforçadas a partir de Humberto Braz, ex-presidente da Brasil Telecom Participações, empresa que controlava as operadoras Telemig, Amazônia Celular e Brasil Telecom. Condenado ao lado do banqueiro por suposto crime de corrupção ativa, Braz teria participado das negociações de suposto suborno de um delegado da PF em troca do arquivamento da Satiagraha. A PF liga Amaral a operações do controlador do Opportunity para ocultação de valores e remessas para paraísos fiscais.
Para o criminalista José Luís Oliveira Lima, que defende Roberto Amaral, o inquérito Satiagraha “é um prejulgamento escandaloso”. Oliveira Lima avalia que o indiciamento de Amaral “é um ato arbitrário praticado pela autoridade policial com base em uma investigação maculada pela ilegalidade e pela inconsistência”. “A acusação contra o dr. Roberto Amaral é uma peça de ficção”, acusa o advogado. “Amaral não tem nenhuma relação com os fatos investigados, nenhuma relação com crimes financeiros.”