Brasília – O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, voltou a admitir ontem que coordenou um esquema de financiamento ilegal de campanhas eleitorais do PT e de partidos da base aliada entre 2003 e 2004. Delúbio, no entanto, se recusou a dar nomes de pessoas que receberam os recursos. "O não-contabilizado é uma conta separada, que não é do PT e está sob minha responsabilidade", disse.
O ex-tesoureiro confirmou que recebeu os recursos do publicitário Marcos Valério de Souza, oriundos de empréstimos bancários concedidos pelo Banco Rural e pelo BMG. E reafirmou que a direção do PT na época não sabia de seus atos. Com voz pastosa e pouca concentração, Delúbio chegou a ser perguntado pelo deputado Arnaldo Faria (PTB-RJ) se havia tomado algum remédio. Ele disse que não tomara nada.
Assim como aconteceu na véspera com o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira, o ex-tesoureiro do partido também negou ter conhecimento do suposto esquema de mensalão. Disse que o publicitário Marcos Valério lhe foi apresentado por integrantes do PT de Minas Gerais como uma pessoa correta, e que por isso o procurou em busca de empréstimos. Delúbio fez uso do hAbeas corpus preventivo e se recusou a responder algumas perguntas. Uma delas foi como pretendia pagar o empréstimo feito a Marcos Valério, que acrescido de juros estaria atualmente em torno de R$ 90 milhões: "Reservo-me no direito de não responder".
Sobre o caixa 2, ele disse que "Senti que devia esclarecer que o PT, durante 2003 e 2004, usou de um recurso não contabilizado para quitar dívidas das nossas campanhas, de vários membros do PT nos estados e de vários membros da base aliada".
Sobre outras campanhas, disse que "todos nós aqui nessa sala sabemos como é feita a campanha eleitoral. A consciência nossa, da nação brasileira, sabe como se faz uma campanha".