Ex-pichador de rua exibe telas em galeria de São Paulo

Quem observar as telas que serão expostas a partir de amanhã em uma galeria no bairro chique dos Jardins, em São Paulo, pode não imaginar que a escola do seu autor foram as pichações de rua. Hoje, Eduardo Kobra, de 33 anos, é um “artista de muro” em ascensão. Há uma semana foi convidado pelo “Fantástico” para fazer uma obra em 3D ao vivo. A técnica já havia sido usada para o desenho de um carro que faz as pessoas se aglomerarem todos os dias na Praça do Patriarca, no centro da capital paulista.

De aparição em aparição, o jovem que começou como pichador ganha fama. Além da nova exposição “Visitas”, na Galeria Pro Arte que vai até dia 11 de julho, com suas principais interferências pelas ruas de São Paulo, seus próximos alvos serão um mural na Avenida 9 de Julho e outro na Paulista. Às vésperas da exibição, Kobra admite que, assim como ele, seu público mudou. Hoje há muito mais gente engravatada em frente a suas obras. “Antes eu pintava com cal. Hoje, uso látex.”

“Eu saía com as tintas e ia pichando”, diz Kobra ao lembrar a infância no Campo Limpo, zona sul. O que era transgressão virou profissão quando lhe caiu às mãos um livro com criações de artistas americanos de grafite. “Fiquei encantado, nunca tinha visto arte daquele jeito. Era o que eu ia fazer.” Em 1993, veio o primeiro grande emprego, um mural em uma das atrações do Playcenter. Agradou tanto que a parceria segue até hoje. “Vou voltar logo para fazer as Noites do Terror.”

Mesmo pedindo licença para pichar, nem tudo mudou. Nos tempos de criança, ele colecionou detenções e até hoje a polícia desconfia do seu trabalho. “Eu estava pintando na Avenida 23 de Maio quando me pararam, pediram documentos, não estavam convencidos”, lembra Kobra. “A CET também quis me expulsar por atrapalhar o trânsito, porque as pessoas paravam para me ver pintar.”

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