Foto: Walter Alves/O Estado |
Saraiva Felipe: amigo de um dos cabeças da quadrilha. |
O ex-ministro da Saúde, Saraiva Felipe (PMDB-MG), entrou na mira da CPMI dos Sanguessugas e foi, ontem, um dos 33 novos parlamentares notificados pela comissão para dar explicações sobre seu envolvimento com a máfia das ambulâncias. O nome de Saraiva Felipe, que foi ministro do governo Lula entre julho de 2005 e março deste ano, foi citado à Justiça Federal por Luiz Antônio Trevisan Vedoin, um dos sócios da Planam, principal empresa do esquema, e por Maria da Penha Lino, braço da quadrilha no Ministério da Saúde. Com as notificações feitas ontem, sobe para 90 o número de parlamentares – 87 deputados e três senadores – envolvidos com os sanguessugas.
Até a semana passada, a CPMI já havia notificado 57 parlamentares que são alvo de inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal a pedido da Procuradoria Geral da República. Ontem, a comissão de inquérito notificou parlamentares que foram citados por Vedoin em seu depoimento, mas não faziam parte da lista do Supremo. Além dos parlamentares, o empresário também citou mais 25 ex-parlamentares acusados de participar da máfia das ambulâncias. ?O número total de parlamentares que está sendo investigado pela CPMI é 90. Mas no relatório da comissão esse número provavelmente será inferior aos 90 notificados?, afirmou o presidente da CPMI, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ).
Segundo ele, o relatório preliminar da Comissão deverá ser apresentado no dia 9 de agosto. A idéia é incriminar os parlamentares contra os quais a CPMI tem provas contundentes. Também serão colocados os nomes de ex-parlamentares. ?Têm ex-parlamentares que são candidatos em outubro e é importante que a sociedade tenha conhecimento dos fatos?, argumentou Biscaia.
A cúpula da CPI dos Sanguessugas decidiu notificar o ex-ministro Saraiva Felipe depois de ter acesso ao depoimento de Vedoin. O empresário afirmou que a assessora Maria da Penha, do Ministério da Saúde, era amiga de longa data de Saraiva e que ?fazia um trabalho extra-orçamentário para o ministro?. ?Tecnicamente, o Saraiva Felipe está sendo notificado como deputado, mas o objetivo é ouvi-lo como ministro?, disse o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que participou da reunião de mais de duas horas de integrantes da CPMI.
Comissão vai compartilhar provas com a PF
Brasília (AE) – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas fechou, ontem, um acordo com a Polícia Federal (PF) para compartilhar provas e fechar o cerco sobre os parlamentares envolvidos no esquema de compra de ambulâncias superfaturadas com recursos do Orçamento da União. A CPMI quer esclarecer como 11 deles receberam os pagamentos, a título de suborno, e ver se pode incluí-los ou não no rol de acusados. Os dados obtidos serão anexados às pastas que a comissão abriu para cada parlamentar investigado.
Durante cerca de uma hora, cinco membros da CPMI acertaram as bases do acordo com o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, e os seis delegados que integram a força-tarefa criada pela instituição para investigar o esquema, no inquérito determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Integraram a delegação o vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE) e os sub-relatores, deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP), Fernando Gabeira (PV-RJ), Júlio Delgado (PSB-MG) e José Carlos Aleluia (PFL-BA).