Brasília – A lista de processados por suposta prática de lavagem de dinheiro no esquema do mensalão ganhou mais seis réus. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ontem (24) incluir na ação penal quatro políticos e dois ex-assessores.
Por unanimidade, o plenário acatou a acusação contra o deputado Paulo Rocha (PT-PA), os ex-deputados Professor Luizinho (PT-SP) e João Magno (PT-MG), e o ex-ministro dos Transportes e atual prefeito de Uberaba (MG), Anderson Adauto. Também foram incluídos na ação Anita Leocádia, ex-assessora de Paulo Rocha, e José Luiz Alves, ex-chefe de gabinete de Adauto.
Durante a leitura do voto, o relator do inquérito, ministro Joaquim Barbosa, apresentou novos números sobre os valores que teriam sido repassados irregularmente a alguns políticos. Segundo Barbosa, o ex-deputado João Magno (PT-MG) teria recebido R$ 400 mil, valor superior aos R$ 127 mil apontados em 2005 pela CPI dos Correios.
A CPI também tinha confirmado que o ex-líder do PT na Câmara e deputado reeleito Paulo Rocha teria recebido R$ 420 mil, valor que, segundo o empresário Marcos Valério de Souza, seria de R$ 920 mil. No plenário do Supremo, no entanto, o ministro Joaquim Barbosa afirmou que o parlamentar admitiu ter recebido em torno de R$ 300 mil, segundo os autos da denúncia da Procuradoria-Geral da República. Ainda de acordo com o relator, Anita Leocádia confessou ter recebido pessoalmente, de Marcos Valério, R$ 200 mil para o pagamento de despesas do PT no Pará.
O ex-deputado Professor Luizinho é acusado de ter recebido R$ 20 mil, mesma quantia revelada durante as investigações da CPI dos Correios. Ao final do voto, porém, Barbosa afirmou que o valor não importa: ?A questão não é saber quanto foi repassado, mas constatar a ilegalidade dessas transferências?.
O maior volume de repasses, no entanto, teria ocorrido com o ex-ministro Anderson Adauto. O ex-chefe de gabinete dele, José Luís Alves, teria recebido R$ 1 milhão de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, em pelo menos duas parcelas.
De acordo com o ministro relator, o dinheiro seria repassado a José Luís por meio de Edson Pereira de Almeida, irmão de Adauto. ?Os repasses em espécie se deram pelos mesmos mecanismos. Na tentativa de encobrir o verdadeiro destinatário, Delúbio dava o dinheiro a intermediários?, afirmou Barbosa.
Ao apresentar seu voto, o ministro Carlos Ayres Britto disse que estranhou a facilidade com que os acusados recebiam dinheiro vivo, sem desconfiar da origem. O ministro Cezar Peluso foi ainda mais contundente: ?Como esses homens, com toda experiência, não tiveram a desconfiança de verificar que esse dinheiro, que vem com toda facilidade, não tenha origem ilícita?"