Uma ex-estagiária do setor de combate ao tráfico de drogas do Ministério Público Federal (MPF) e um assessor parlamentar foram presos na manhã desta terça-feira, 6, acusados de participar de uma quadrilha especializada na venda de drogas para pessoas de classe média e média alta de Brasília. Batizada de Delivery, a operação envolveu 28 mandados de prisão, além de 35 de busca e apreensão.

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O esquema começou a ser investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal há um ano. O tráfico se inspirava no esquema de entrega de comidas prontas. O interessado fazia a encomenda por telefone e pouco tempo depois, a droga, transportada em motos, era entregue.

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A estudante de Direito Marcela Gandino da Silva, de 23 anos, trabalhou como estagiária da Procuradoria-Geral da República (PGR) e, de acordo com a acusação, ela prestava uma espécie de “consultoria jurídica” para integrantes da quadrilha.

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“Ela fazia todas as recomendações sobre quanta droga transportar, o que deveria ser dito caso algum integrante fosse preso, quais procedimentos deveriam ser evitados para evitar a acusação de tráfico”, afirmou o delegado responsável pela investigação, Rogério Henrique Oliveira, do 5º Distrito Policial.

De acordo com ele, a estudante, de classe média, tinha um envolvimento amoroso com um dos líderes da quadrilha.

Também foi preso o secretário parlamentar Daniel Lourival Azevedo, que trabalhava para o deputado Valadares Filho (PSD-SE), presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional. De acordo com o delegado, Azevedo teria usado o carro oficial para transportar drogas. “As investigações mostram que não havia envolvimento do parlamentar”, disse.

As pessoas detidas poderão responder por crime de associação para tráfico e tráfico de drogas, com penas que podem variar de 15 a 30 anos.

Até o início da tarde desta terça, 25 pessoas haviam sido detidas. Outras três continuavam sendo procuradas. A operação envolveu cerca de 300 policiais.

“A quadrilha era especializada em fornecer drogas para pessoas do Plano Piloto”, disse o delegado.

Entre as drogas encontradas durante a operação estava “escama de peixe”, uma cocaína conhecida por seu alto grau de pureza, além de haxixe, maconha e merla. O baú de uma das motos usadas no esquema trazia o adesivo “Pure Hemp”, seda usada para enrolar fumo.

O salário mensal do servidor da Câmara que trabalha como motorista do deputado Valadares Filho era de cerca de R$ 6,5 mil. Com gratificações, os vencimentos alcançavam R$ 9,7 mil.

De acordo com o delegado, os mandados foram cumpridos apenas nas residências dos acusados.

Em nota, a PGR informou que Marcela deixou de ser estagiária em junho do ano passado e que, por essa razão, não iria comentar o ocorrido. Também em nota, o deputado Valadares Filho garantiu que não tinha conhecimento sobre o comportamento ilícito de Azevedo. O deputado, ainda de acordo com a nota, determinou a exoneração imediata do servidor.