Rio de Janeiro – O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, negou nesta quinta-feira (14) que tivesse se apropriado de dinheiro do esquema do mensalão, segundo denúncia de peculato feita pela Procuradoria Geral da República (PGR) e acolhida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Pizzolato foi interrogado pelo juiz Marcelo Granado, da 7ª Vara Federal Criminal, em audiência que durou duas horas ? o dobro do tempo do interrogatório do presidente nacional do PTB e deputado federal cassado Roberto Jefferson, na terça-feira (12), conduzido pelo mesmo juiz.
Granado se deteve em detalhes da competência administrativa de Pizzolato no Banco do Brasil, de operações publicitárias relativas ao banco e também em uma transação envolvendo R$ 326 mil, da agência de publicidade DNA, de Marcos Valério, para o PT, e que ele teria intermediado em janeiro de 2004.
Pizzolato disse ter recebido telefonema de uma secretária de Marcos Valério, pedindo que ele entregasse documentos do publicitário ao PT: dois envelopes pardos foram entregues na portaria do prédio em que morava, mas Pizzolato contou que não os abriu, nem sabia o que continham.
?Apanhei os dois envelopes, coloquei em um escaninho na portaria do prédio, saí para almoçar, retornei e levei os envelopes para o apartamento. No final do dia, uma pessoa chegou, apresentou-se dizendo ser do PT e que viera buscar os documentos enviados pelo Marcos Valério?, contou. Indagado pelo juiz se não achava estranha a transação, Pizzolato respondeu: ?Hoje, se Deus me pedir, eu não me movo mais. Não faço mais nada?.
O ex-diretor negou também qualquer responsabilidade no caso Visanet, uma empresa constituída por diversos bancos para promover o cartão de crédito Visa. Segundo denúncia da PGR, um grupo de pessoas ligadas ao PT, incluindo Pizzolato, teriam desviado recursos da Visanet para o partido. ?Os recursos da Visanet iam diretamente para a agência de publicidade, não transitavam pelo Banco do Brasil. Não passavam pelo orçamento de marketing, o diretor de Marketing não gerenciava este orçamento?, disse.
Ao final da audiência, o juiz permitiu que Pizzolato falasse e ele se disse perseguido, vítima de acusações baseadas em suposições, sem provas concretas: ?Eu tive a minha carreira profissional destruída, minha família exposta, fui humilhado, execrado em praça pública. Perdi boa parte dos valores que eu tinha, minhas economias, minha perspectiva de vida, inclusive minha saúde. Tenho vivido uma situação de Guantánamo [prisão dos EUA em Cuba para suspeitos de terrorismo] durante quase três anos. Tudo a partir de insinuações ? não foi apresentado um documento.?
