Vitória – O ex-presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo José Carlos Gratz foi preso na manhã de ontem em sua casa, na Praia do Canto, em Vitória. Ele é acusado de envolvimento em corrupção num contrato de seguro da sede da Assembléia assinado em 2001. Em seguida, foi preso também o ex-diretor-geral da Assembléia Legislativa, André Nogueira.
Na sexta-feira, o Ministério Público Estadual, por intermédio do Grupo de Repressão e Combate ao Crime Organizado (GRCO), impetrou uma ação civil pública por improbibade administrativa na Vara dos Feitos da Fazenda Pública de Vitória. A ação é contra sete pessoas e duas empresas e pede a quebra dos sigilos bancário e fiscal e a indisponibilidade dos bens das pessoas envolvidas.
José Carlos Gratz disse que a prisão não tem justificativa e que é mais uma perseguição política. O ex-presidente da Assembléia Legislativa já tinha sido preso outras três vezes. Ele responde a vários processos. Num deles, é investigado por pagar propina a deputados para se reeleger presidente da Assembléia. Em outro, é acusado de lavagem de dinheiro. Reeleito deputado estadual em 2002, foi impedido de assumir o mandato pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), devido à condenação por compra de votos.
Em setembro de 2003, Gratz foi detido por uma semana por suspeita de ligação com um bingo televisivo capixaba que fraudava resultados. O bingo teria se beneficiado de dinheiro desviado de órgãos públicos estaduais. O nome de Gratz está ligado a outro caso rumoroso: um esquema de corrupção no Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Espírito Santo, armado para desviar dinheiro de obras públicas superfaturadas, distribuir propinas para abrandar julgamentos de processos e aprovar contas irregulares.
Chefe do crime
O Espírito Santo é um dos estados onde as ligações do crime organizado com os poderes Executivo e Legislativo apareceu de forma explícita. Em abril deste ano, o Ministério Público Federal apresentou denúncia ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra o ex-governador José Ignácio Ferreira, que deixou o cargo em 2002, por tentativa de peculato e abuso de poder. Um grupo de 20 deputados estaduais à época, alguns deles reeleitos, também é alvo da denúncia. Entre eles, o ex-deputado José Carlos Gratz, que presidiu a Assembléia Legislativa e é considerado pelo Ministério Público estadual chefe do crime organizado.